Egoísmo é
estarmos sob o comando do Ego, da nossa mente racional, condicionada a nos
defender do mundo. Sob esse condicionamento, mantemos o foco de nossa atenção e
vigilância no mundo de coisas e pessoas
que nos cercam e que consideramos importantes para nossa vida material,
psicológica e afetiva. Nós as desejamos, ansiamos por elas, nos apegamos a elas
e as disputamos. Não admitimos perdê-las! Sob o egoísmo, vivemos em luta com um
mundo que nos ameaça tomá-las e por um
mundo que nos oferece tudo o que tanto desejamos.
Vigilantes em nosso egoísmo, estamos
sempre comparando bens materiais, amores, qualidades... Temos medo de perder e invejamos o que ainda
não possuímos. Nossas necessidades e dores nos parecem sempre superiores às dos
outros. Nossas carências afetivas acabam por justificar qualquer “ataque” ao
que possuem (amores, família, qualidades, admiração, bens quaisquer...) Afinal, nosso Ego tanto os desejava!
As dores alheias nos chegam
também algo distantes, porque nosso
Ego não se identifica com o Outro, senão para analisá-lo, desejá-lo ou tentar
superá-lo. O Ego não ama. Ele só sabe possuir, se apegar e defender o que é
seu! Nosso Ego não costuma desejar o mal para os outros, a menos que eles
ameacem nossas necessidades, porque
então, irá atropelá-los. Sempre
que nos sentimos em perigo, nosso egoísmo tende a crescer. Nosso medo insufla
nossas defesas e o nosso egoísmo, então, pode tornar-se destrutivo.
Todos nós, em maior ou menor grau, somos regidos pela
intensidade de nosso ego e, em maior ou menor grau, somos egoístas. Em nossas
relações, em quaisquer relações, desde a Família até às Nações, nosso egoísmo
ainda é preponderante. Buscamos defender “o que é nosso” a todo preço e amealhar,
mais e mais, bens e poderes e subjugar pessoas (por amor ou não) para nos sentirmos mais seguros. Esse é o mundo interior do Ego e o seu
reflexo exterior... Mas, nessa
realidade, vamos ficando cada vez mais isolados, aguerridos, defensivos,
tristes...
O Egoísmo do Homem já foi maior e mais cruel em outras
eras. Já achou natural explorar, escravizar, submeter, machucar, matar... apenas para satisfazer suas próprias necessidades e prazeres. Embora ainda
assistamos aos delírios agressivos de tantos homens, isto, hoje, já nos causa
horror e tristeza. Embora muito lentamente, vamos nos modificando, trazendo
outros valores ao nosso ego.
Mas, não adianta brigar com nosso Ego, nem com o ego dos
outros! Não adianta criticá-lo,
ameaçá-lo. Se tentarmos, nos esgotaremos e sempre perderemos, porque nossa
mente racional (ego) foi adestrada para
racionalizar, justificar e jamais perder. Mas podemos tentar entendê-lo e,
pacientemente, generosamente, firmemente, ensiná-lo a depor armas, educando-o para substituir o disputar pelo
compartilhar. Reconhecendo como o mundo
do egoísmo é frio, áspero, cruel e doloroso para todos, cabe a cada um de nós
buscar trazer valores espirituais e amorosos para mundo interior de cada um , “amansando” nosso
próprio ego ao experimentarmos a compaixão, a solidariedade, a generosidade, a
honestidade, a ternura, a compaixão...
Como seres, não apenas racionais, mas sobretudo espirituais,
poderemos ir sentindo a gostosura de um mundo interior mais gentil, alegre,
leve, amoroso... E quando nos descobrirmos até renunciando, abrindo mão de alguns desejos
para satisfazer, por generosidade e justiça, algumas necessidades dos outros;
quando abrirmos mão de apegos pelo amor à liberdade dos outros, saberemos então que estamos no caminho de uma
transformação que substitui as paixões e lutas do ego pela gostosura do
compartilhar com Amor.
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