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sábado, 5 de agosto de 2017

SABOTAGEM




    Todos nós criamos projetos nascidos de nossos desejos, sonhos e necessidades, os quais temos a firme intenção de realizar. Mas, do desejo e da intenção de nos libertarmos de nossas dependências (materiais, químicas, afetivas ou outras) até a ação que visa concretizá-los, enfrentamos dificuldades que nos chegam de fora e, outras vezes, que nós mesmos criamos. As dificuldades que não “enxergamos”, que solapam esses projetos de forma sorrateira, perversa, disfarçada, são o que chamamos de Sabotagem. Essa é a característica da sabotagem. Atua como uma “rasteira” em nossos sonhos ou projetos mais caros, através do nosso inconsciente ou da nossa mente racional, teimosa e distraída.

       Começamos a nos sabotar de forma consciente, mas quase imperceptível, quando começamos a minimizar nossos esforços, quando deixamos de estar atentos e de nos informar melhor para a ação necessária. Temos preguiça, temos medo das dificuldades, temos até raiva de precisarmos sair do nosso conforto. Queremos os resultados, mas não queremos nos comprometer. De modo coerente a isso, atuamos negando necessidades, justificando atitudes de descaso, adiando cuidados, procrastinando ações. Mal embasados, nossos “programas” e quaisquer projetos, aos poucos se arrastam e vão apresentando falhas. Sentimo-nos derrotados, recaímos nos velhos maus hábitos, deprimimos e acabamos por tudo abandonar...

       De forma mais sutil, inconsciente e ainda mais perigosa para nossa busca, nós nos auto sabotamos através das “crenças” que carregamos, definindo de forma frágil a nossa autoimagem. São mandados familiares que ficam impressos em nós como verdades incontestáveis: “Você é fraco, todo errado! Puxou a seu pai/mãe! Você não consegue! Deixa que eu faço para você! Você nos machucou tanto! Você errou. Você é culpado, não tem perdão!   E tantos e tantos outros... 

       Carregando essas “vozes” e o peso de um passado com falhas e erros, sobrevém um sentimento de menos valia, uma imensa culpa, que nos paralisa sem que percebamos e corrói nossos melhores projetos. Entramos num processo inconsciente de autopunição, de não merecimento, que justifica tudo que nos fizeram acreditar.

       Outros aspectos de nossa personalidade que nos sabotam, são defeitos que não percebemos (nem admitimos), como o orgulho, a vaidade, a arrogância... Eles nos levam, ao contrário, a desafiar, a testar limites, a ousar mais e mais, a nos exigir demais (porque nos achamos demais!), até derrubar nossos projetos e a nós mesmos.

          Somos muito mais complexos que poderíamos dizer em poucas linhas, Na verdade, para lidarmos com esses “ataques” que sabotam nossos projetos (pequenos ou grandes) na busca da felicidade através de uma libertação interior, precisamos identificar as crenças, os sentimentos, os defeitos de personalidade, conscientes ou inconscientes, que nos são tão nocivos, e que nos movem ou que nos paralisam. 

            Esse processo deve ser como um mergulho em nós mesmos. Um mergulho gostoso em águas mornas, mas cada vez mais profundas, que requeiram estarmos alertas e em movimento. São Passos para um encontro conosco mesmos, encontro que se enriquece nas partilhas em grupos de pessoas que tenham também esse projeto de progressiva libertação interior. 

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