Atenção! Que
“bem” é esse? Que bandeira é essa? Esse “bem” assim invocado é um fim em si
mesmo ou um meio de alcançarmos outros fins?
O Bem Maior
é a vivência pessoal da Verdade, da Justiça, da Compaixão, do Respeito... do Amor, enfim. É uma vivência intransferível, mas que se esclarece,
fortalece, transborda e encontra maior sentido no compartilhar espontâneo e
respeitoso com os Outros. Essa
“bandeira” precisa ser coerente com esses valores ou corre o risco de se
perder, sem percebermos, e se transformar em um meio a serviço de outros fins,
num meio de controle de pessoas adultas.
“Em nome do
bem” pode esconder nossa ansiedade,
prepotência e vaidade de nos sentirmos, ou nos intitularmos, os melhores, os
mais bem preparados, os que sabem mais, os mais virtuosos, os defensores dos “fracos”
ou daqueles que são oprimidos “por outros”, que carregam, também, outras
bandeiras. Antes de empunhar bandeiras, que atropelam em “nome de bem”, preciso me observar :
sinto-me superior intelectualmente, mais “generoso”, mais poderoso, com mais
razão e mais preparado para dirigir outras pessoas adultas? Consigo entender
que chegar, mesmo com bons propósitos, “em nome do bem”, para tutelar os outros
é profundamente desrespeitoso? Que sob essa bandeira pessoas, povos,
nações... foram “ensinados”,
catequizados, subjugados pela “supremacia” dos “defensores do bem”?
Pessoas
adultas precisam ser respeitadas. Têm direito de escolha, ainda que más ou
confusas escolhas. Só através das consequências de nossas escolhas podemos ter
algum aprendizado. Atrás de bandeiras com dizeres “Eu sei o que é melhor para
eles” , É para seu bem... É por Amor... esconde-se profundo desrespeito pelo
caminhar de um outro adulto.
O fato de
estarmos no “mesmo barco”, familiar ou não, e sofrermos “respingos” pelas
escolhas alheias, não nos dá o direito de resolvermos por eles. Precisamos,
sim, resguardar nossos espaços, segurarmos nossos anseios de superioridade e
dominância, compartilharmos opiniões (quando solicitadas), cuidarmos de nossa
paciência, de nossa capacidade de amar, de nossa impotência perante o outro e
aprendermos a ser assertivos com nosso espaço e nossas escolhas. É o que vigora
em nome do bem – do nosso bem e do bem do outro.
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