Há momentos em que nos
sentimos imprensados entre a dor deixada por um passado que se foi e encurralados
pela ansiedade de querer viver intensamente em direção ao futuro, enquanto também
ele, vai tornando-se passado. Quando esses sentimentos se encontram, eles nos
massacram o presente, invadindo-o, impedindo-nos de vivê-lo de modo real,
atual, concreto.
E agora, nesse presente fugidio, fica
a agonia de reconhecer que a vida passou e eu estava correndo!... A agonia de
ter a impressão que, de tudo, de tanta vida, restaram apenas flashes... Quero juntá-los, organizá-los em mim,
revivê-los como num roteiro mais completo de minha própria vida, mas fica muito
difícil, porque todo tempo eu estava correndo...
Foram estudos,
amores, disputas, trabalhos, separações, filhos... Correndo sempre um busca de acertos
e do “sucesso” em tudo no futuro. Correndo do medo, da ameaça das dores,
correndo da lembrança das falhas passadas, das perdas irreparáveis... Correndo
mais e mais... e a vida passando, sem que eu tivesse tido tempo de saboreá-la
direito, chorando ou sorrindo!
Parece tudo ter se
esfumaçado.. . Nesses momentos, fica a percepção de que tudo passou e continua passando, enquanto eu choro. Nessa
tentativa de retrospectiva tão confusa, doída e negativa, do caminho
percorrido, às vezes, eu preciso chorar! Mas onde chorar? Com quem chorar? Onde
encontrar acolhimento, consolo, carinho
e silêncio? Aqueles que me amam, por amor, muitas vezes,
fogem de ouvir minha agonia ou, tentam me consolar, falando, aconselhando, querendo me fazer “entender”...
Nesses momentos, tão
únicos em cada um de nós, preciso de um Abraço Silencioso, de completa escuta,
de compreensão amorosa, terna, suave... Abraço que acolhe um filho pequeno,
medroso, tão confuso e choroso... Fecho os olhos para o mundo e me entrego, em
oração e meditação, a esse Amor Silente,
a esse Poder Maior de puro amor! Ele
sabe, Ele me cuida, à espera daquele
momento passar. Ele sabe que esses
momentos de depressão, reflexão e avaliação, mesmo tão negativos, fazem parte
do meu caminhar. Ele sabe que ainda tenho medos, dores, distrações, fugas, tropeços,
covardias... Para isso, Ele é o doce refúgio, o ninho, a Luz
que me orienta e espera, paciente e amoroso, confiante em meu ainda hesitante caminhar....
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