Uma história muito antiga nos conta da recomendação feita
pelo Senhor a um bom e justo homem e sua família: que fossem embora para que pudessem ser salvos da
destruição, para que pudessem sobreviver, mas que seguissem sem olhar para trás!... Eles que ficassem
atentos à recomendação ou poderiam se transformar em estátuas de sal, sem vida.
Sua esposa, no entanto, não conseguiu deixar de olhar para trás! Não por
curiosidade, acredito, mas pela dificuldade de deixar pessoas queridas, sua
cidade, suas lembranças... Ficou olhando tudo aquilo que se transformava em
passado e, conforme predito, transformou-se em uma estátua salgada, sem vida...
Essa é uma história muito antiga que, como tantas outras, nos permite
diferentes leituras e entendimentos, mas me parece que o básico está na
recomendação: Não olhes para trás!
Como foi
recomendado àquele bom homem e sua família, para seguirmos adiante, não
poderemos ficar aprisionados no passado.
Não olhes para trás! O passado
nos enfeitiça! Ficamos eternamente querendo modificá-lo, consertá-lo, fazê-lo
melhor... Querendo modificar os abusos,
traições, maldades, que sofremos e que ainda nos trazem tanta raiva,
humilhação, mágoa, tristeza, rancor, ressentimento... Querendo modificar os
fatos cruéis que transformaram nossas vidas e parecem nos manter hipnotizados,
revivendo o horror daqueles momentos... Querendo modificar nossos erros,
omissões, que nos açoitam em culpas e vergonhas eternas...
“Não olhes para trás”,
porque o passado também guardou momentos maravilhosos, de puro enlevo, alegria,
sucessos, amores e camaradagem e, muitas vezes, enfeitiçados, não queremos mais
deixá-los, preferindo viver num limbo de lembranças, numa “vida de faz de
conta”, sendo e vivendo em meio a fantasmas de nossa própria história...
Não negaremos os amores, as dores, as
injustiças, os sucessos, os erros, mas tudo ficou para no passado... Se
insistirmos na recusa chorosa e teimosa de olhar para trás, ficaremos, como a esposa
da história, paralisados, secos, salgados... Na verdade, trazemos em nós as
marcas de tudo o que se foi. O passado está vivo em nós, mas não pode viver por
nós. Não podemos acessá-lo em todo momento, paralisados, distraídos da Vida, de
todas as possibilidades que um Poder Maior nos oferece a cada instante.
Quando o passado gritar, querendo por
momentos emergir e explodir no peito, descansa e chora... Depois , levanta,
olha em frente e em volta e Vive. Os
fatos negativos que nos marcaram e machucaram, irão ficando perdidos no tempo na
medida em que nos distanciamos de suas memórias.
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