Todos nascemos com um script já escrito pela Família e pela
Sociedade dizendo quais são nossos papéis e de como esperam que
os desempenhemos. Todos esperam o melhor
de nós, por amor ou sem amor! Mas o que torna esses scripts tão pesados é o
grau de perfeição idealizada e esperada e a rigidez com que, individualmente, nós os
acolhemos. Então, nascemos já sob o peso dessas expectativas e das pressões da
Família e da Sociedade, mas sobre as mulheres cai o ônus maior por seus tantos,
e tantas vezes conflitantes, papéis. Aprenderam e acreditam que só terão valor
na medi da em que consigam desempenhar com perfeição sua “missão”.
Em família, espera-se que sejam filhas atentas e obedientes,
generosas cuidadoras de seus pais, avós, irmãos e outros parentes, sempre que
necessário. São mulheres, é isso que se espera delas! Como mulher/mães, a entrega deve ser total aos
cuidados pelos filhos. Acredita-se, e elas acreditam, que têm o poder e o dever
de fazê-los “dar certo”, de modificá-los para seu bem, sempre que necessário e ainda acreditam que são responsáveis por sua
“felicidade”. Desenvolvem assim um amor possessivo, apegado, desesperado, ante
todos os perigos de um mundo que dificulta de toda maneira a sua missão. E deverá
ser um amor “incondicional e desinteressado”(sem esperar qualquer tipo de
retorno!?) Sua imagem para os filhos
deve ser de pureza e perfeição!!
Já como mulher/companheira/amante, acentua-se a dificuldade
e o conflito com mais esse papel. Também acredita que para ser amada e ter
valor, para não sofrer rejeição e abandono, precisa fazer o Homem feliz,
atendendo às suas expectativas, mantendo seu interesse, dedicando-lhe seu tempo
e atenção, compartilhando sua sexualidade tão humana, nem sempre tão pura!
E, numa sociedade em processo de abertura, mas ainda bastante
conservadora, patriarcal, ainda se espera submissão a seus papéis tão conflitantes. Lutando por direitos tanto tempo ignorados,
tentando diminuir a opressão material, que mantem a submissão, a mulher busca a
independência econômica, ainda que discriminada e menos valorizada em seu trabalho. Mas ganha, em contra partida, a pressão de
mais um papel – o de profissional!
Como atender a todos? Como um equilibrista de vários pratos, corre
todo o tempo de um papel para outro, agoniada, culpada, com medo de falhar e
deixar cair algum deles... Acreditando
que precisa “dar conta” de tantos papéis com perfeição para se sentir amada e
valorizada, o mundo interior das mulheres torna-se um caldeirão de emoções
dolorosas e quase sempre reprimidas ou disfarçadas – medo, ansiedade, frustração,
raiva, mágoa, humilhação, vergonha, culpa ...
Suas atitudes são de constante e frustrante tentativa de controle. Falam demais, cobram demais, são cobradas
demais, se justificam demais ou falam de menos, “engolindo” mágoas e
lágrimas... Sob tanta pressão, algumas entram em depressão ou ficam agressivas
e vivem “à beira de um ataque de
nervos”!
Não adianta se debater e lutar contra opressões de fora,
enquanto a maior pressão que a mulher sofre ainda for a Pressão Interior!
Enquanto acreditar que deve ser perfeita ou se submeter para ter amor e valor,
será presa da agonia de se frustrar continuamente e acreditar que é menos ou de
menor valia. Enquanto acreditar que seu principal papel é ser somente servidora
e cuidadora de todos, sem aprender a cuidar de si mesma e respeitar os seus
limites e enquanto se acomodar, sem ousar sempre mais para melhor se conhecer, ela
será uma vítima ressentida e agressiva.
Mulheres precisam parar de se anular ou de viver correndo, sob
pressão. Precisam relaxar, soltarem-se, desligarem-se... e aprender a atender
suas necessidades, a se colocar, dizer dos seus anseios, do que podem ou não
... Precisam aprender a estabelecer, respeitar e fazer respeitar seus próprios
limites... Precisam aprender a amar sem medo e apego, aprendendo a se amarem, para serem felizes,
sem culpa. Mulheres precisam poder Ser,
naturalmente, o que foram escolhidas para Ser: generosas, doces, leves... expressões especiais do Amor de Deus!