Dores são sinalizações de que algo em nós precisa de atenção
e correção. Mas nossa primeira reação, instintiva, é tentar fugir, escapar. Tentamos
sempre escapar das dores, de quaisquer dores: dores físicas, dores afetivas e
psicológicas, que nos atingem através de situações produzidas por perdas ou impasses. Queremos soluções práticas, rápidas, que as
anestesiem ou nos distraiam delas. E, apesar de sermos seres racionais, nossa
reação seguinte é justificarmos nossa necessidade de escapar e providenciarmos
os remédios que nos facilitem a fuga.
Para dores físicas, remédios de farmácia, dos mais leves aos
mais fortes. Para dores insistentes, não
localizadas no corpo, que acompanham nossa insatisfação afetiva e psicológica,
buscamos escapar através da busca exagerada
de compensações e prazeres que o mundo nos oferece: dinheiro, poder, status...
Eles nos envaidecem e disfarçam a dor de uma auto estima baixa e a necessidade
de valorização externa... Tentamos
escapar também na busca exagerada no
comer, no beber, no sexo, no gastar, no viajar, no trabalho, na religião, no
torcer, no lutar... E para as dores insistentes
e gritantes, para as quais não vemos saída, busca-se o uso e abuso, contínuo e exagerado, de poderosos químicos, desde os
mais receitados, aos mais “aceitos socialmente” até aos mais patológicos e por
isso criminalizados. E todos esses “remédios” se transformam em necessidades, que
nos aprisionam em nossa fuga, que nos tiram a capacidade de escolher e criar
novas possibilidades para nossas vidas. Assustados,
tudo vale para escaparmos da Dor, e do vazio, anestesiando-a ou ofuscando-a. em
prazer. Somos pessoas em fuga! A vida assim está tornando–se uma “grande escapada”!.
E
agora? Preciso simplesmente parar de tentar escapar tanto para o mundo, dando
as costas para mim mesmo, negando-me a olhar de frente para mim, para meus
vazios, meus medos e para a origem de meus impasses interiores. Quero olhar de
frente, também, para minhas possibilidades, minha coragem, a minha força, num
mundo de atrativos e desafios, mundo onde eu possa chorar, sorrir, crescer e curtir,
descobrindo a gostosura de ser eu mesmo.
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