O passar
do tempo tudo modifica. É da natureza da Vida o movimento, a mudança. E nossos
filhos ( tão nossos?!), finalmente, deixam de ser crianças, adolescentes e tornam-se adultos obedecendo ao
natural chamado do mundo, dos desafios e da liberdade... Então, eles se vão... E nós vamos ficando na distância, no medo que
se percam, na dor ainda tão confusa do vazio que deixaram.
Sem
entender ainda direito essa liberdade adquirida (nossa e deles), nos agoniamos,
tememos e ainda palpitamos em suas vidas, tentando modificar suas escolhas, às
vezes tão diferentes das nossas. E somos informados, gentilmente ou não, que
estamos ultrapassando os limites de um outro adulto.
O confronto com essa realidade, faz doer tudo de novo.
Eles
formam suas próprias famílias, educam e orientam seus filhos, às vezes de modo
tão diferente, parecendo que nosso modo era todo errado! O tempo passou e já nem sabemos de suas
pequenas rotinas, de seus novos gostos... Têm novos amigos, novos encontros e
festas, das quais não fazemos parte. Agora nós os visitamos, somos visitas em
suas casas, mesmo quando eles nos tratam com muito carinho e atenção. Visitas
combinadas de antemão, porque eles têm suas rotinas. Mas visitas devem guardar
alguma cerimônia, por respeito e delicadeza. Como isso nos confunde e dói!
Eles nos
trazem netos que aquecem nossos colos vazios. Netos que tanto amamos e dos
quais, muitas vezes, cuidamos, mas sem poder esquecer que são filhos deles, não
nossos, e precisamos respeitar suas diretrizes. Querendo participar mais de
suas vidas, queremos colaborar (física, financeira e afetivamente) mas com o
cuidado de não nos impormos ou invadirmos. É tão confuso, difícil e doído...
Quando nosso tempo de
pais de filhos pequenos e/ou dependentes
já passou, é urgente entender e aceitar o novo tempo, os nossos novos papéis
nessa relação tão intensa e amorosa com nossos filhos. Temos nossos próprios
novos desafios a enfrentar: casamentos
desgastados e esquecidos no afã de cuidar de filhos, novas relações, a
descoberta de gostosos lazeres, de
talentos insuspeitados... Temos tempo para desfrutar de novas e antigas
amizades e para retomar o papel mais esquecido de cuidar de nós mesmos.Viva
intensamente e deixe-os viver!