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sexta-feira, 4 de maio de 2018

ENTRE IRMÃOS



          Algumas relações são marcadas por aspectos de amor e de eternas disputas. Assim são os irmãos.  A sabedoria de um Poder e Saber Maior  colocou-nos muito próximos, pelo sangue ou pela união no mesmo ninho.  Certamente houve um propósito sagrado, amoroso, para esse Encontro. Fomos colocados assim, tão juntos, para, desde o início, aprendermos a amar, crescer, evoluir...  Esse é o sentido da Vida

Mas vivemos mergulhados num mundo de comparações, de disputas e lutas por amor, valor, posse e poder, em todas as relações humanas, inclusive na Família. Ali somos envolvidos pela contradição de amar e sermos rivais em nossas relações afetivas mais intensas.  Disputamos com os irmãos desde a infância pelo amor e pela valorização de nossos pais, avós...  Eternas comparações reforçam de modo muito destrutivo as naturais diferenças entre nós: o bonito/feio, o inteligente/bobo, o bom/mau, o melhor/pior, o preferido...   Esse aprendizado contínuo, disfarçado ou não, perverso e tão ameaçador para a auto imagem de cada um, reforça as lutas, o ciúme e a disputa e  leva-nos, muitas vezes, a ressentimentos, a afastamentos, a “broncas” escondidas, e até insuspeitadas por nós mesmos.Assim, vai estabelecendo-se uma relação estranha de amor e desamor. 

            Nossos irmãos são os primeiros companheiros.  Ora professores, ora alunos, testemunhos de nossa infância, de nossas brincadeiras, parceiros de nossos medos e alegrias, de nossos gostos e desgostos... Mas são, também, os primeiros a disputar conosco o amor, as preferências de familiares, os destaques na ninhada... 

            E quando adultos, a disputa ainda se revela! Quem cuida mais, ou melhor, dos pais? Quem merece mais pelos “sacrifícios” e atenção? Mas quem eles, ainda, valorizam mais?!   Ainda somos a ninhada disputando, mas de forma mais amarga...   No entanto, apesar de tudo, quando a dor de situações dolorosas e difíceis atinge um dos irmãos, a ninhada, mesmo  em meio a críticas e amarguras, se mobiliza e se dói. Na verdade, disputamos, brigamos, mas os irmãos meninos que trazemos em nós falam mais alto – nós nos amamos!

            Revendo nossa história, com o olhar e a experiência que a vida nos traz, podemos entender um pouco melhor a nós mesmos e a cada um dos personagens de nossa infância, com suas carências, suas características, suas “inconsciências”, que acirraram as disputas, que nos trouxeram mágoas e, muitas vezes, nos afastaram tanto. Essa compreensão poderá nos fazer aproveitar  a oportunidade que nos foi dada por Deus de termos irmãos, os  nossos primeiros parceiros na vida, para com eles aprendermos a Amar - Amar os mais “amigos e legais” , o diferente, e até o “difícil”, o “rival”... O resgate desses laços entre irmãos nos livra da amargura de uma relação “seca” e distante e nos oferece a gostosura do sentimento de pertencermos ao mesmo ninho. 

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