Acreditamos que nascemos para sermos “felizes”. E assim entendemos que precisamos viver sem dor,
sempre gratificados com alegrias, cuidados e protegidos pela vida, valorizados
e amados pelo mundo... Mas não é fácil
ser feliz, porque o mundo parece não colaborar! Acreditamos (nosso Ego )
que devemos lutar cada vez mais por
parecer, por ter, por suplantar, por sermos os escolhidos, os admirados e
amados, por vencer... E nos apegamos
a coisas e pessoas(coisas queridas) porque acreditamos
que farão o nosso mundo feliz e que temos o poder de fazê-los felizes... Sufocamos emoções e sentimentos que não
favoreçam nossa luta; subordinamos a
Justiça e a Verdade aos objetivos de nossa cruzada pela felicidade e justificamos nossos comportamentos pela
própria busca ! Tudo para sermos felizes... No entanto, nessa luta a que nosso ego
arrogante e teimoso, cada vez mais, se aplica, nos sentimos vazios de nós
mesmos e distantes daqueles por quem tanto ansiamos! A Dor, que tanto tememos,
nos ronda e abraça...
Também acreditamos
que é desse mundo egóico, dono das possibilidades da nossa felicidade, que certamente
virão as soluções. Desse mundo material e tão poderoso, desse mundo moderno,
científico, tecnológico, químico,
virão as distrações que darão um Up nesse vazio e as anestesias que disfarçam
qualquer desconforto e dor. “Tomei doril e a dor sumiu!”. Distraídos, apressados, práticos, inconscientes de nós mesmos, nos
deixamos, todos, atrair pela armadilha da facilidade química, que não ouve o
que grita a nossa dor, que atropela nosso equilíbrio físico, que não respeita
nossa dimensão dos sentimentos e desconhece nossas necessidades maiores de
seres espirituais. A cada dia estamos mais atraídos pelas distrações e valores
do mundo, mais distantes de nós mesmos, fascinados e aprisionados pela fantasia
tecnológica e/ou química. Grande parte de todos nós continuará assim, levemente
anestesiados, empobrecidos de todas suas melhores possibilidades, querendo
apenas ser “normais” e seguir o rebanho...
Em outros, quando a dor da vida grita mais forte porque seu
ego mais rigidamente quis acertar ou contestar, porque mais continuadamente e
com mais agonia buscaram o alívio prometido pelos químicos, a armadilha vai-se
fechando e, assustados e desesperados, caem num poço escuro, escorregadio, que os
leva cada vez mais fundo, aprisionados em si mesmos, acorrentados na dor que
grita, compulsivamente, por socorro
químico ao corpo físico, em desequilíbrio, de células já distorcidas em seu
metabolismo, e em uma aliança mortal com a mente sem comando, fora de controle,
obsessiva... Como num carrossel
desgovernado, aqueles que os amam se agarram a eles na tentativa de resgatá-los,
mas também são sugados nesse vórtice que a todos aprisiona e enlouquece.
E nós, que tanto
queríamos ser livres e felizes, estamos agora presos num calabouço, escuro,
frio, açoitados, torturados, em gritos mudos, nos debatendo, agressivos ou
largados, sem mais acreditar, desorientados, desvalorizados, desamados... Talvez,
apenas e ainda, nos reste a esperança da Graça, do socorro, de um Poder Maior
que nos mostre uma saída.
A prisão química,
assim, pode se revelar a mais perversa e traiçoeira armadilha que o mundo hoje oferece
ao nosso ego. No entanto, o terror e o
horror dessa experiência talvez tenham o poder de, em algum momento, quebrar a
rigidez orgulhosa, teimosa e arrogante de nosso ego e nos preparar para seguir adiante, já mais
humildes, em busca da sonhada liberdade – indo Para Além do Ego!
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