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sábado, 9 de março de 2019

SILÊNCIO III



        Somos criaturas de Deus; somos fruto desse Grande Silêncio. Talvez por isso ansiemos por um mínimo de silêncio para nos apaziguar e nutrir. É bom lembrar que, em meio a todo tumulto e barulho em que nos vemos, existem muitos silêncios.  
        A Vida traz o movimento e seus ruídos. Ruídos da natureza que nos cerca, das pessoas, das nossas relações. Ruídos desordenados, exagerados, estressantes, incessantes, modernizados, tecnológicos, eletrônicos...  Ruídos de nossas relações afetivas, possessivas... Relações de ter, de parecer, de poder... Gritos dolorosos doo “Silêncios do mal”, de abandono, do desprezo, das ameaças veladas...   São ruídos externos, ruídos que nos chegam de fora, do mundo, que nos chamam, que querem respostas, que criam necessidades e hábitos, que nos cansam e escravizam...
         E existem os ruídos internos, criados por nossa mente sempre alerta, tagarela, trabalhosa, trabalhando todo o tempo num diálogo sem fim com nossos  mundos externos e internos.  São gritos e sussurros do passado e alertas contínuos para o futuro, falas insistentes de  expectativas agoniantes ... Esse movimento desordenado e excessivo de nossa mente rebelde, teimosa e prepotente, alimentado e retroalimentado pelo mundo agitado e apressado à nossa volta, nos tira a energia e cansa. E, mesmo assim, continuamos com projetos, julgamentos, cobranças, culpas, desculpas... É uma barulheira constante e ensurdecedora!
         Então sonhamos fugir em busca do Silêncio. Silêncio do Bem, da aceitação, do desfrutar... Buscamos o Silêncio Sereno nos sussurros da Natureza exterior – na brisa nas árvores, na água corrente, nos sons ao longe de animais... É um Silêncio que nos envolve de mansinho, que nos reconforta, que não exige respostas... Da mesma forma é o Silêncio Sereno que nos une na companhia de quem amamos, suave, sem palavras...  
          Mas de nada adianta fugirmos do mundo, mesmo buscando a Natureza e o Amor, se o carregamos em nossa mente conturbada. Precisamos silenciá-la. E como isso é difícil! Precisamos tanto do Silêncio, mas como ir superando o mau hábito de nos entregarmos aos condicionamentos de nossa mente mundana e egóica?  Acredito que só posso silenciá-la, pacientemente, um pouquinho de cada vez, quando me aquieto e desfruto o Momento, observando, sem julgamentos ou planos, apenas respirando e aceitando...  A Saúde, a Sanidade e a Serenidade, só posso encontrá-las no equilíbrio entre o Silêncio que vem da Alma, que nutre nossa Alma e o cuidado com os ruídos da mente, que controlam emoções e interagem com nosso corpo.
         Silêncio é oração e meditação, pois ele permite a nossa conexão com o Silêncio Maior de nossa origem.

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