A quem atendermos? A
nossos próprios desejos e possibilidades ou a nossos desejos e deveres com as
pessoas de nossa vida? Existem momentos
em que esses chamados são conflitantes e muito fortes e nos sentimos puxados e
repuxados em direções diversas, dilacerados entre nossas lealdades e anseios...
Sentimo-nos cobrados internamente por
nosso amor e gratidão àqueles que muito se dedicaram a nós, àqueles que nos
socorreram e ampararam, e que agora tanto precisam de nós... Também nos cobramos da atenção que devemos
ter com os que estão fragilizados por doenças e solidão... E pelos pequenos,
tão dependentes do nosso cuidado... E pelos filhos e netos, mesmo adultos, que
nos solicitam atenção e ajuda... Ou
pelos companheiros/as que esperam retorno afetivo e efetivo pelas escolhas que
fizeram por nós... Cobramo-nos até pelos amigos que atravessam momentos
difíceis, pelos colegas a quem devemos presença e participação no serviço ou
pessoas estranhas que nos abordam em dificuldades extremas...
Todos esses vínculos de
pertencimento, que nos apoiam e dão sentido às nossas vidas, também nos
cobram retorno afetivo, presença, trabalho, companhia, desvelo... Mesmo sendo
uma cobrança apenas interna, quando esses vínculos nos pressionam intensamente,
todos e ao mesmo tempo, eles nos trazem uma imensa angústia, indecisão,
confusão, sentimento de culpa... O que
fazer? A quem atender primeiro? Devo
ouvir também os meus próprios anseios e possibilidades? As perguntas se repetem em nossa mente em
agonia, repetidamente...
Precisamos reconhecer que não podemos
atender de maneira ideal a todas essas cobranças, a todos esses desejos, nossos
e dos outros. Precisamos ser maduros e, com simplicidade, analisar as
situações, as necessidades reais, nossas e dos outros. Precisamos ouvir e buscar equilíbrio entre nossos
desejos, nossos deveres e nossas possibilidades para decidir,
enfim, o que fazer... com gosto ou sem gosto e sem culpa, respeitando-nos e entendendo
que, afinal, fazemos o que Podemos.