É um “estado
de guerra” que desenvolvemos em nossas relações (quaisquer relações). É uma
guerra surda, aparentemente não declarada, que se baseia na não aceitação de
pessoas e circunstâncias. É terrivelmente desgastante na medida em que se
perpetua, não nos dando oportunidade de relaxar, depor “armas” e usufruir o que
de bom poderia existir entre nós.
Em Família, é a resposta que se dá às
crenças preestabelecidas de que deveríamos atender às expectativas uns dos
outros. Quando isso não acontece, nos decepcionamos, nos sentimos atraiçoados, cobramos
e cobramos, nos magoamos, nos ressentimos... e, finalmente, nos tornamos
hostis.
O ressentimento surdo, sem que nós
percebamos, vai, no dia a dia, enfraquecendo e matando a gostosa afetividade
que nos unia. Ressentidos, vemos no outro, antes tão querido, um adversário, em
contínua luta surda. São indiretas, “gelo”, contestação constante do que se
fala ou faz, ironia, sarcasmo, grosserias gratuitas, indiferença, demonstrações
claras, ou disfarçadas, de desamor e ciúme...Ficamos inconformados pela perda
do amor idealizado.
E a Hostilidade como resposta nos afasta a cada momento. A relação antes
amorosa, não resistiu à realidade do que somos e podemos, e perdeu-se nessa
“guerra fria” de inconformações, nesse “campo minado” em que se tornou a
relação. Não há mais graça, espontaneidade, alegria, frescor... Há apenas uma
expectativa rancorosa de mais hostilidade, que nos mantem em constante
defensiva. Sem entender como chegamos a
isso, mas querendo superar e transformar essa agonia, optamos por, ainda e
indefinidamente, culpar o Outro e continuar remoendo as expectativas
frustradas, as lembranças dolorosas... E reforçamos a hostilidade!
Só podemos mudar a nós mesmos! Podemos procurar e rever nossas crenças e
expectativas, aceitar as diferenças, desistir das brigas surdas, depor armas,
abandonar orgulhos feridos ... resguardando apenas, e sempre, nossos espaços e
limites individuais com simplicidade e firmeza, deixando claro que não
desejamos mais essa relação de lutas. É
muito difícil sair da briga quando ainda existem cobranças doídas e
ressentimentos, quando ainda existem tantas provocações daqueles que ainda não
desistiram da luta e se mantêm defensivos.
Mas,
sou responsável, apenas, pelo meu papel na relação. Se quero viver com paz e
afetividade preciso reaprender a Ser e a
Estar. Preciso de
Mansidão com Honestidade, Paciência e Firmeza. Acredito que vale a pena
ir tentando...
Sim! Continuo tentando!
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