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terça-feira, 25 de junho de 2019

COBRANÇAS EM CONFLITO



A quem atendermos?  A nossos próprios desejos e possibilidades ou a nossos desejos e deveres com as pessoas de nossa vida?  Existem momentos em que esses chamados são conflitantes e muito fortes e nos sentimos puxados e repuxados em direções diversas, dilacerados entre nossas lealdades e anseios...
         Sentimo-nos cobrados internamente por nosso amor e gratidão àqueles que muito se dedicaram a nós, àqueles que nos socorreram e ampararam, e que agora tanto precisam de nós...  Também nos cobramos da atenção que devemos ter com os que estão fragilizados por doenças e solidão... E pelos pequenos, tão dependentes do nosso cuidado... E pelos filhos e netos, mesmo adultos, que nos solicitam atenção e ajuda...  Ou pelos companheiros/as que esperam retorno afetivo e efetivo pelas escolhas que fizeram por nós... Cobramo-nos até pelos amigos que atravessam momentos difíceis, pelos colegas a quem devemos presença e participação no serviço ou pessoas estranhas que nos abordam em dificuldades extremas...
         Todos esses vínculos de pertencimento, que nos apoiam e dão sentido às nossas vidas, também nos cobram retorno afetivo, presença, trabalho, companhia, desvelo... Mesmo sendo uma cobrança apenas interna, quando esses vínculos nos pressionam intensamente, todos e ao mesmo tempo, eles nos trazem uma imensa angústia, indecisão, confusão, sentimento de culpa...  O que fazer? A quem atender primeiro?  Devo ouvir também os meus próprios anseios e possibilidades?  As perguntas se repetem em nossa mente em agonia, repetidamente...
         Precisamos reconhecer que não podemos atender de maneira ideal a todas essas cobranças, a todos esses desejos, nossos e dos outros. Precisamos ser maduros e, com simplicidade, analisar as situações, as necessidades reais, nossas e dos outros.  Precisamos ouvir e buscar equilíbrio entre nossos desejos, nossos deveres e nossas possibilidades para decidir, enfim, o que fazer... com gosto ou sem gosto e sem culpa, respeitando-nos e entendendo que, afinal, fazemos o que  Podemos.

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