A sabedoria de um Poder Maior de Amor nos reuniu em famílias. Fomos reunidos com nossas semelhanças, com nossas diferenças, com nosso amor ou até com nosso desamor. Acredito que o propósito dessa mistura tenha sido despertar-nos para algo melhor, pela alegria, pela dor, pelo amor, pelos laços consanguíneos, ou não, pela convivência, pelos desafios enfrentados juntos.
Em família nossos laços foram sendo fortemente entrelaçados com nossas emoções humanas. A ligação visceral e amorosa com a mãe, o simbolismo psicológico e amoroso com o pai, o aprendizado básico da convivência com os irmãos... Tudo temperado com nossa humanidade, onde se misturavam muito amor, admiração, medo, raiva, ciúme, inveja, poder... em nossas disputas diárias, inclusive pela preferência, atenção e amor de nossos pais.
O longo convívio, os laços de sangue, o aprendizado das crenças familiares, as lições da vida, com alegria e dores em comum, deixaram em quase todos nós marcas para sempre e um forte sentido de Pertencimento, Igualdade, Amor e Fidelidade. Estes são valores espirituais que embasam a Família, valores que o amor dos pais sonhou nos deixar como herança, valores que um Amor Maior, ao nos unir, buscou despertar em nós.
Mas somos crias também de um mundo materialista. Infelizmente, ao perdermos os pais, nossa ligação maior com o Amor que nos gerou, ficamos à mercê do mundo e seus valores materiais. Ao disputarmos a herança dos bens materiais, esquecemos os espirituais e deixamos crescer em nós emoções latentes e defeitos de caráter, presentes sempre nas competições. “Quem foi sempre o mais querido?” “Quem foi sempre o mais sacrificado e injustiçado?” “Quem já tem mais?” “Quem merece mais”? Ganância, mágoas, ressentimento, inveja, ciúmes, raiva... afloram e parecem adoecer um ninho que foi pensado e desejado com Amor!
Nossas lembranças mais gostosas e inocentes da infância ficam esquecidas ou contaminadas pela amargura e intolerância, que atingem até a lembrança das “injustiças” de nossos pais! Quebram-se os laços do Amor, esquecem-se os valores espirituais e sobram para a partilha os restos materiais, que disputamos da forma mais primitiva e faminta...
Acredito que podemos tentar uma saída buscando sempre resguardar a Família; uma saída que se ocupe com a divisão do material, sem esquecer o espiritual. Somos diferentes, percebemos o amor de modo diferente, fomos criando as lembranças de nossa infância de forma diferente, mas fomos e somos uma Família, pertencemos ao mesmo ninho! Podemos aproveitar a oportunidade desse Encontro decidido por uma Sabedoria Maior e guardar o que dele foi bom e doce...
Deixemos a partilha dos bens materiais com a lei fria e justa a seu modo e resguardemos os bens espirituais, nossa Herança Maior.
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