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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

TERRORISMO EMOCIONAL

 


Todo terrorismo é uma forma de manipulação para se  conseguir mais poder sobre os outros. Como o nome já diz, usa-se o “terror”, o medo exacerbado, para ameaçar, dominar e subjugar. Em sua forma mais primária, agride o corpo, a própria vida, mata e tortura, mostrando ao nosso instinto de sobrevivência, ao nosso medo, do que o Outro é capaz!    Como somos, na maioria, mais “civilizados”, mais sofisticados e educados, passamos a usar, mesmo sem sentir, meios mais “aceitáveis” de manipular pelo Medo. Esse é terrorismo emocional, que usa e trabalha com o medo em nossas emoções, nossas crenças, nossas expectativas, nossas carências de amor e valorização, para enfim, dominar.

É um modo perverso de usarmos o controle pelo medo em nossos  relacionamentos. Sofremos e mais tarde também fazemos sofrer. Fomos muitas vezes criados sob esse jugo e criamos os outros da mesma maneira! Na infância e adolescência, em nome do educar e “por amor”, sofremos críticas e gritarias constantes, muitas vezes seguidas de total falta de limites, que confundiam nossa auto imagem e auto confiança e nos faziam aprender o jogo do fingir, para também manipular.   Esse comportamento continua em nossas relações adultas, com nossos companheiros, já agora por insegurança e pura necessidade de controle.

 Acredito que o modo mais cruel e perverso de terrorismo afetivo seja o Silêncio. É um silêncio que aterroriza a criança e o adulto, que ameaça com a negação do amor e do valor. Inseguros, sentimo-nos apreensivos e sob constante vigilância: “Dar um gelo”, ignorar, aprisionar o outro na crítica não falada, na possibilidade de rejeição, do desamor, do abandono, do desprezo... Mantê-lo na dúvida do que é, do que deveria ser, na ansiedade de como voltar a se sentir perdoado e amado.  Esse silêncio é um artifício perverso de controlar para dominar ... é a negação do desejo de realmente estar junto, de dizer quem você é, o que sente, o que pensa... É a negação de você para mim!    E outras formas de manipulação pelo medo de perder nossos amores, como mau humor constante. grosseria e agressividade no trato (contida ou não)... Muitos são os modos de abusar afetivamente para ter mais ou total controle do Outro!

A consequência do uso do medo/terror na relação é a defesa, o disfarce, a mentira, que mais e mais nos afastam; é a raiva que substitui o amor e nos leva ao contra ataque; é o fazer-se de vítima, lançar culpa ou deixar-se vitimar e se culpar...  Muitas vezes “aceitamos” para ficar, porque ainda não temos coragem ou não vemos uma saída da relação, mas temos muita raiva, mágoa, ressentimento... e acabamos por reagir com agressividade, em “surtos”, ou com sarcasmo, ironia, deboche constantes... Nossas relações amorosas mais próximas tornam-se tristes, confusas, amargas... uma agonia! Estamos sempre inseguros e desconfiados, cada vez mais fechados ao “perigo” de amar!

Essa forma de manipular pelo medo, de atacar e se defender pelo silêncio ou de qualquer outra forma, nos foi ensinada e está entranhada em nosso psiquismo. Não podemos modificar os Outros, que fazem, ou fizeram, uso dela, mas podemos não aceitá-la e não usá-la mais, nós mesmos, dizendo claramente o que sentimos e o que permitimos em nossas relações com crianças, jovens e adultos.

 

 

 

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