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domingo, 29 de maio de 2022

APRENDER A AMAR

 


Já se disse que que o propósito maior de nascermos é Aprender a Amar.  Na verdade, pouco sabemos sobre o  AMOR, porque nos foi ensinado que amar é possuir, cuidar, dirigir, prender, cobrar, vigiar... o Outro! Nosso foco de atenção é externo, está sempre no objeto de nosso apego – o Outro. Amamos com medo de perder “aquilo” que nos dá prazer, que nos “completa”, que dá significado à nossa vida, que nos ama e valoriza... Amamos e queremos ser amados numa troca amorosa e perversa que nos aprisiona, que tantas vezes sufoca, que nos mantem culpados e medrosos de perder, eternamente carentes...  Amamos com as crenças de nosso ego e nosso ego quer sempre dar para receber, dar e cobrar obediência à nossa orientação, dar e exigir dedicação, dar e esperar gratidão... Quando isso não acontece ficamos tristes, magoados, ressentidos, abandonados, até desesperados... Não importa o objeto de nosso “amor” (pessoas, coisas, animais).É assim que aprendemos a amar. Talvez por isso sabemos que Amar é Sofrer!

Depois de muito sofrer (e fazer sofrer) nos foi revelado que esse aprendizado está trocado, precisa começar em nós mesmos! Como?  Com um olhar curioso, interessado e honesto sobre essa pessoa que preciso conhecer para amar! Quem sou eu? Como sou? O que desejo, penso, sinto, faço... O que me faz sorrir ou chorar?...O que me envergonha... O que quero mudar e ainda não consigo?...  

Aprendendo a olhar para mim, vou aos poucos conhecendo partes desse mistério único que sou, vou começando a ter intimidade e carinho comigo mesmo, vou aprendendo a me perdoar pelo passado e pelo que, ainda e só por hoje, não consigo modificar...

Todo esse processo é longo porque eternos somos nós. É um processo que deve ser feito com gentileza, bom humor, aceitação, paciência, generosidade, compaixão, respeito e coragem... valorizando nossas pequenas conquistas, aceitando nossas insistentes falhas com humildade, respeitando nosso tempo, acreditando em nós e em nossa Origem Sagrada, entendendo que isso faz parte do aprendizado do Amor. É assim a construção da autoestima, da auto confiança, do auto respeito do amor próprio!

Quanto mais vou aprendendo e cuidando de quem sou, da minha humanidade, mais posso avaliar as dificuldades do Outro e, então, ser amoroso e compreensivo com sua humanidade. É assim! O amor começa em mim, me ensina e desperta, para poder chegar ao Outro de modo livre e incondicional.


domingo, 22 de maio de 2022

CORAGEM PARA MUDAR


 

         Preciso  tanto de Coragem para me modificar!  Preciso de Coragem para me ver, para me mudar, para sair da inércia, para agir...  Como estou, já não me satisfaz!  Já não me sinto feliz em ficar acomodado (mal), fugindo, me escondendo de minhas verdades incômodas e me acostumando ao que não quero para mim, ao que me causa dor e vergonha. Ainda me sinto tão dependente de coisas e de pessoas!  Isso me agonia porque estar preso às dependências antigas é estar prisioneiro do velho medo, é não se sentir livre...

Preciso de coragem para romper as algemas que fui criando, me acomodando, deixando a responsabilidade em mudar com os outros, sem querer e assumir o meu papel nas situações em minha história... Medo, prazer e comodismo me envolvendo, eu negando a me ver, o tempo passando, e minha vida, cada vez mais, sem graça e tão doída!

A Coragem nasce da ação, da decisão, da força do Coração. Só essa força, nascida do coração, despertada pela dor e acordada para as possibilidades de uma vida melhor, poderá nos modificar.

Coragem para mudar requer, além de nosso impulso original para a Luz, a manutenção do movimento, da ação! Para que a coragem não arrefeça e se perca, é necessária atenção, estar alerta com a preguiça, com os pensamentos viciosos de acomodação, com as desculpas e justificativas antigas para deixar como está e ter atenção com os hábitos que nos paralisam  e nos puxam para atrás ...     

É necessário estar alerta para nossos defeitos que tentam nos seduzir com a lembrança gostosa de momentos antigos e enganadores, que quebram nossos propósitos de mudança e nos atraem para as antigas prisões, em contínuas e pequenas recaídas.   Cuidado e Atenção para darmos suporte à nossa determinação, porque ter que encarar novos combates, de novo e todo dia, pode minar e cansar nossa Coragem e convencer-nos que somos fracos, sem caráter, não merecedores do melhor da Vida. Não acredite! A força de nossa Origem Sagrada e o cuidado amoroso conosco irão certamente reforçando a cada dia a nossa Coragem para mudar!


segunda-feira, 16 de maio de 2022

COM LEVEZA ...

 


         Fomos criados acreditando que a Virtude era um bem a ser buscado com muita seriedade. Os valores da Virtude  (verdade, generosidade. Respeito, compaixão...) nos eram ensinados, e cobrados, de forma séria e pesada. Em casa, na escola, nas igrejas, todo esse assunto era tratado com   muita seriedade, como um catecismo cobrado por um Deus Sério e zangado, de forma onde se louvava o que era certo de modo sério e pesado.

Erros, falhas, geravam castigos, culpas... Os bons, os santos, o “próprio Deus”, não eram de brincadeiras, risos, humanidades... Estavam sempre sofridos pelas falhas de nós e do Mundo. Pinturas e retratos demonstram suas faces doídas, sofridas, sacrificadas, pesadas...

Mulheres precisavam ser “mulheres sérias”, chorosas ou tristes e sacrificadas ou zangadas. Mães, muito mais! Mulheres risonhas que brincam, que cantam e dançam não são sérias, não são bons exemplos!

Nossa cultura e religiões nos passam isso. Internalizamos uma virtude perfeita e a necessidade de sermos perfeitos- qualquer erro ou falha gera culpa! Como não conseguimos essa perfeição aprendemos a relativizar nossos erros com algum cinismo, mas ainda assim com culpa. E quando nos arrependemos, somos corroídos pelo remorso. Tudo tão difícil e pesado!  

A Virtude, na verdade, não é pesada! Ser bom, verdadeiro, generoso, leal... nos traz uma alegria natural, sem cobrança de perfeição, atendendo ao que podemos... Viver com aceitação de nossas virtudes e falhas nos faz mais atuantes e autênticos em nossas próprias vidas. Voltar a sorrir com leveza a cada dia é um ato de

ressignificação da minha humanidade e de uma nova crença de ser Humano e de Deus. Quero acreditar na beleza e leveza do Amor de Deus. Quero amar e viver com essa leveza. Sei que é muito difícil quebrar essa imagem de seriedade em mim e nos outros.

Preciso trabalhar continuamente e pacientemente para diluir essas crenças pesadas e adoecidas, que me aprisionam, me punem e me fazem sempre julgar e condenar.

Preciso me lembrar que já se disse:  “A Seriedade pode se transformar em uma séria patologia!”


segunda-feira, 9 de maio de 2022

OS BONS COMPANHEIROS

Sempre precisamos de companhia. Nada somos sozinhos, sequer sobreviveríamos ao nascer. Tivemos a presença da família, dos mestres... até de desconhecidos. Mas algumas companhias, em determinadas fases de nossa vida, marcaram-nos de forma diferente e especial – foram eles nossos Bons Companheiros.

Na Infância, quando descobríamos o mundo, foram nossos alegres parceiros nas brincadeiras, nas “broncas”, nos sustos, nos pequenos segredos, nos primeiros desafios na rua, na escola... Companheiros no riso, nos choros, nas raivas e tristezas logo esquecidas, na inocência... São Companheiros que jamais esquecemos, mesmo na distância, no tempo...

Na adolescência, assustados e querendo encarar o mundo, alguns companheiros se destacavam e nos fascinavam pela capacidade de desafiarem o mundo adulto com suas regras e organização. Juntos, rimos buscávamos essa liderança para afugentar nossos medos. Juntos, demos nossas primeiras “derrapadas” e  sofremos consequências, castigos, mas jamais os esquecemos...

Na idade adulta, com suas lutas, novos desafios e responsabilidades, já ríamos menos, mesmo quando ainda transgredíamos. As consequências eram mais doídas, com perdas e danos maiores e mais abrangentes. Nessa fase os bons companheiros foram aqueles que permaneceram conosco, acolhendo... nos deixando descobrir o valor dos Bons Amigos.

Mas, em alguns de nós, quando as dores maiores nos alcançaram, quando nos sentimos perdidos, quando nem o carinho e o amor do mundo resolveram nossa desorientação, quando perdemos o rumo de Deus... Esse Deus se fez presente e nos fez descobrir os Bons Companheiros Anônimos. Companheiros que nos acolhem, iguais em nossa humanidade sofrida, que nos ouvem, mas não cobram, não julgam ou condenam, que aceitam quem somos. Nesse compartilhar honesto e verdadeiro descobrimos nossos medos, covardias, mesquinharias, fraquezas, delírios de grandeza, controle, vaidade, orgulho, arrogância... Companheiros que também se revelam, numa troca de amor e confiança, numa catarse continuada, em busca de uma limpeza da alma e do melhor em nós mesmos.   Nesse compartilhar de humanidades, aprendemos a confiar. Com eles criamos uma intimidade que não desfrutamos com ninguém mais nessa vida!   Descobrimos juntos um Deus Amoroso do qual somos Sementes Sagradas e juntos ali aprendemos a cumprir nossas potencialidades de seres espirituais: humildade, verdade, respeito, atitude, generosidade, compaixão... 

          Todos esses Bons Companheiros nos trouxeram momentos inesquecíveis. Seus rostos, sorrisos, falas, atitudes...nos acompanham pela vida afora e, acredito eu, até depois do “fim”. São companheiros que chegaram, muitos se foram no tempo, mas para sempre ficaram em nossa história e em nosso coração. 


domingo, 1 de maio de 2022

ARMADILHAS NO CAMINHO

 


          Pela vida caminhamos, alegres, distraídos, inocentes, sôfregos em busca da felicidade, fugindo das dores e buscando sempre o prazer. É assim!

Vivendo em nosso mundo físico, logo procuramos desfrutar dos prazeres mais básicos e materiais como comidas, sexo e drogas. É muito bom e queremos sempre mais! Em um nível mais elaborado, afetivo, desfrutamos o prazer da paixão, da alegria do “amor” à família... mas nos apegamos mais e mais! E descobrimos que é muito mais “nobre” e prazeroso cuidar da vida dos outros, o que nos envaidece e “empodera”, do que enfrentar as verdades desafiadoras de nossa própria vida e do nosso caráter... E enlouquecemos com o prazer do dinheiro, do sucesso, do status, do Poder de mandar, de ser invejado...

Esses e outros prazeres são a alegria do Ego. Ele quer sempre mais e mais e assim acreditamos que seremos mais e mais felizes! Mas esses prazeres sem medida funcionam como armadilhas, que nos atraem, desviam de nosso caminho de seres materiais, mas também  espirituais. Como na história do Pinóquio (e tantas outras) somos atraídos pelas luzes artificiais de uma terra de prazeres e, mais tarde, nos vemos abandonados, desiludidos, traídos, aprisionados e nos vemos entregues à Dor, que tanto temíamos ...

           E lutamos desesperadamente para voltar ao passado, ao comando, ao controle, à paixão, ao sucesso... Mas o processo da vida não retrocede. Podemos estar por algum tempo perdidos, mas a vida nos empurra para a frente. A Dor, amorosa e justa, nos sacode, e em algum momento vai nos acordar dessa hipnose mortal. A tristeza imensa do desengano, a agonia do aprisionamento, o horror das perdas, a confusão e o medo de não achar a saída, de se sentir perdido, sem um sentido...  nos faz entender que a meta para a felicidade e as soluções para sair dessa armadilha são simples e sempre estiveram a nosso alcance!

Ao contrário do que acreditávamos, a Dor da Vida nos ensina a olhar para nós mesmos, a descobrir e ir desatando nossos nós, a descobrir e ir usando nosso poder de Centelhas de um Poder Maior, para buscar esse novo rumo, descobrir um novo sentido na Vida e aprender e vivenciar a felicidade a cada momento, um dia de cada vez.