Buscar as sutilezas do nosso orgulho é um trabalho todo nosso
– individual! Todos temos
orgulhos, em maior ou menor grau, em aspectos diferentes de nossa
personalidade. É difícil o reconhecermos, na medida que o escondemos em nós e
de nós, acobertados pela vaidade, justificado pela necessidade de sermos
valorizados!
O orgulhoso não percebe, mas se acredita perfeito. É teimoso,
porque acredita que sabe mais, que seu modo de pensar e seus métodos são melhores.
Interiormente, mesmo sem demonstrar, não aceita ajuda ou críticas, até as mais simples, nem sugestões, opiniões,
“dicas” e muito menos conselhos. “O meu caso é diferente!” Não aceita saber ter
sido alvo de considerações menos elogiosas de terceiros, tornando se assim um
alvo fácil de críticas disfarçadas. Ele se
melindra e magoa muito facilmente.
Ele pouco ouve, realmente. Está sempre analisando e
criticando as atitudes ou dificuldades do outro, vendo como pode rebater o que
foi dito, defendendo -se, justificando-se, ou tendo ideias melhores. É um ótimo
analista, reconhecendo nos outros, por projeção, traços do seu próprio orgulho.
São pais devotados tentando sempre ser perfeitos e com maior
saber do que os filhos, crianças ou não. Quando os filhos ficam adultos, com
opiniões e escolhas próprias, têm dificuldade em aceitar a perda da primazia em
suas vidas e já não serem tão necessários e donos da verdade.
Com o avançar da idade, com as perdas físicas, com desafios à
sua auto suficiência e com dependências maiores, tendem a se isolar,
amargurados com sua “falta de importância” e se fecham num silêncio defensivo.
Não pedem auxílio e se tornam até, muitas vezes, reativos às atitudes generosas
e solidárias dos outros.
Fingem ser superiores à dor dos ataques da vida ou nas
relações, repetindo sempre, debaixo de suas máscaras de orgulho– “Tô nem aí!”
Do alto desse pedestal superior, têm dificuldade de dar e receber carinho,
estão secos e medrosos, mesmo sob uma máscara brincalhona e risonha, escondendo
seus reais sentimentos, porque têm medo de parecer frágeis!
Todo orgulhoso esconde um grande Medo: medo de ser menos, de
ser igual, comum e banal. Quer se destacar de alguma forma, até mesmo pelas
virtudes, inclusive pela generosidade, humildade e simplicidade!! Para
disfarçar e esconder esse medo, torna-se egoísta e pode até ser capaz de tomar e justificar as piores
atitudes. Ele ainda não se conhece, nem conhece seu valor único,
incomparável...
O orgulho é o primeiro dos “pecados capitais” porque nos
impede de nos vermos e nos revelarmos como somos. Ele nos mantém no auto engano,
em eterna competição, distante das pessoas, inclusive das que mais amamos.
É importante estarmos atentos a nós mesmos, sem medo, com
verdadeira humildade, porque, de repente, em alguma situação, uma reação
interna, quase desapercebida, incômoda, nos revela alguma outra faceta de nosso
orgulho, ainda bem escondido – Não se assuste : é apenas mais uma outra sutileza
do orgulho, de nossa tola humanidade.