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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Facilitação



Quando me empenho, muito e sempre, em fazer pelos outros o que é da competência deles, como executar suas tarefas, decidir por eles, dar desculpas e assumir suas culpas por seus deslizes, pagar suas contas e etc...isto é facilitação.
Somos solidários, colaboramos, ficamos disponíveis aos outros em seus momentos de dor e dificuldade. Quando, porém, o socorro antecede o pedido, quando se faz contínuo, invadindo e bloqueando o processo de vida do outro, pode parecer amor e generosidade mas é diferente porque não possui sua característica principal - o respeito. Não é amor, é facilitação, e disfarça uma forma sutil de controlar. Tentamos redirecionar suas vidas da forma que achamos mais adequada, nos adiantamos não permitindo que chorem suas dores, que aprendam com suas escolhas. Roubamos-lhes a própria finalidade da vida ao impedi-los de, através da experiência, aprenderem, crescerem, fazerem suas novas opções, enfim, florescerem.
Ao facilitarmos, reforçamos também a noção de incompetência do outro, estamos invalidando-o. Nossas invasões em nome do amor, na verdade, estão dizendo: eu faço porque sei e sou forte; você não sabe, é fraco, precisa de mim. Isso em nada ajuda a melhorar a auto-imagem ou auto-estima de quem quer que seja. Facilitar e cuidar sem limites denuncia, ainda que inconscientemente, nossa arrogância e presunção de sermos melhores, sabermos mais. Quanto mais nos ocuparmos tomando o espaço do outro em sua própria vida, demonstramos uma imensa irresponsabilidade com nossa vida e ainda os culpamos por estarmos tão sobrecarregados!
Quando a ansiedade e o medo de ver sofrer, tropeçar, cair , o esforço de levantar daqueles que amo, me assustarem e eu quiser me precipitar para facilitar preciso lembrar que não tenho o direito de roubar suas cenas, de invadir seu filme. Quero aprender a estar junto deles incentivando, confiando que , dentro de seu tempo e a seu modo, irão superar seus desafios, escrever sua história, manter cada vez mais acesa sua própria luz.


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