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domingo, 26 de junho de 2011
A TESTEMUNHA
Quando penso, penso com meu ego, com minha mente egóica, com meu eu menor. Penso do modo que me foi ensinado a pensar: julgando, criticando, disputando, cobrando, culpando, escolhendo... Penso usando meu saber, meu intelecto, o que aprendi através da educação e de minhas experiências. Esse pensar egóico, lutador, me faz transitar com desenvoltura nesse mundo aguerrido em que vivemos, mas não me faz feliz!
Nessa luta, nesse apanha/bate/rebate, alguém sempre me acompanha e me observa. “Alguém que caminha a meu lado”, que caminha comigo, que é Testemunha de mim! Esse alguém habita minha dimensão mais profunda e interior, a essencial: minha dimensão espiritual. Esse alguém é meu Eu Maior, minha Consciência Espiritual. Ela é testemunha da minha vida, da minha história. Ela tem se mantido quase silenciosa porque pouco lhe dava ouvidos, só cedia à gritaria do meu ego nas lutas, nos jogos de poder e saber.
Hoje escolho priorizar os pensamentos que me tragam a gostosura do espiritual em vez dos pensamentos angustiosos/angustiantes da luta material. Escolho ouvir, estar atenta à essa Testemunha Espiritual e permitir que esta voz de amor apazigúe meu ego infantil, assustado e rixento. Escolho ser feliz e para isso preciso estar mais atenta à essa Testemunha, a essa voz espiritual. Ela me fala de uma dimensão que busco alcançar. É uma voz mansa, tolerante, justa, equilibrada, amorosa... Ela me trás leveza, aceitação, bom humor... Ela traduz as várias faces do Amor. Ela é a voz do Poder Superior em mim.
Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com
segunda-feira, 20 de junho de 2011
CRENÇAS E PENSAMENTOS
Sou dono de mim? Escolho o que penso e decido como agir ou os pensamentos que me ocorrem são escravos de minhas crenças, do que me ensinaram ser o Certo e a Verdade? Tudo no que acredito, meu Sistema de Crenças, foi aprendido com minha Família e minha Cultura. Até as crenças que adquiri através de minhas experiências na vida, foram influenciadas pelas anteriores!
Quem sou eu, afinal? Um pacote de respostas para as situações, um pacote que já recebi pronto, das gerações anteriores? Tenho noção disto ou apenas respondo, repetindo crenças que me dirigem em modelos de papéis e comportamentos ensinados? Ou apenas me contraponho sempre a tudo e a todos, só contesto e nego, preso também às crenças que tanto me sufocam?
Sou autor, exerço minha autoria, faço escolhas ou só copio (ou nego)?
Nossas crenças moldam nossos pensamentos. Nossos pensamentos detonam sentimentos e nos levam a comportamentos coerentes com os sentimentos, pensamentos e crenças. Assim funcionamos!
No entanto, se não tivermos noção disso tudo, ficaremos aprisionados nessa ciranda que nos foi dada, sem escolha. Quantas vezes sofremos sem ver alternativas e agimos de maneira que nem desejaríamos! Sem saída, culpamos a nós mesmos, aos outros, ao mundo, a Deus... por tudo ser complicado como é.
Entendo hoje que ser adulto, crescer, é tornar-me responsável por mim mesmo, por minhas escolhas, minhas crenças, meus pensamentos.
É assumir minha própria autoria. Para isso preciso estar em cuidadoso contacto comigo mesmo, estar atento às minhas experiências, minhas crenças, pensamentos, sentimentos e comportamentos; é estar fazendo um “inventário” de mim mesmo, conhecendo-me, conhecendo esta pessoa que sempre esteve comigo e de quem eu quase nada sabia! “Passo a Passo”, quero empreender esta incrível viagem interior, descobrindo, revendo, modificando(se necessário) crenças e pensamentos, liberando-me para um novo olhar sobre tudo. Essa é a chave que pode me libertar e fazer crescer. Só assim poderei assumir a autoria de mim mesmo e a co-autoria de meu destino.
A primeira e principal crença que preciso rever é sobre minha responsabilidade e sobre o foco de minha atenção, que antes estavam sempre fora de mim. Hoje acredito que preciso estar focado em mim. Preciso me entender, me cuidar, estar melhor, para melhor entender e amar os outros.
Quem eu sou? Quem tenho sido? O que posso, Só por Hoje? Em que escolho acreditar?... Dessas minhas escolhas virão novos pensamentos que trarão novos sentimentos, novos comportamentos. Quando escolho, eu aprendo com minhas escolhas. Posso direcionar meus pensamentos e redirecionar aqueles que são recorrentes, que me fazem recair em sentimentos dolorosos, “pequenos”, negativos.
Sou responsável pelo modo como escolho ver a vida; sou responsável pelo tipo de “alimento” com que nutro minha mente. Posso alimentá-la de violência através de filmes, jornais, pornografia, discursos irônicos, críticas, discussões “defensivas”, maledicência...
Mas posso também acreditar que, para mim, é melhor ver o mundo com mais realidade, aceitar pessoas dentro de suas possibilidades e viver de forma mais amorosa. A partir dessas novas crenças, pelas quais sou responsável, começo a ter pensamentos mais leves, generosos, confiantes, fraternos – que trazem mais gostosura à minha vida. Os cuidados que preciso ter com o tipo de nutrição que trago à minha mente em diálogos internos ou através de quaisquer meios de comunicação são de minha inteira responsabilidade.
Sou senhor de meu mundo interior.
Esse é o meu poder e ele me foi delegado por um Poder Superior.
Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com
terça-feira, 14 de junho de 2011
PERDÃO
A idéia do perdão está sempre ligada ao erro e à culpa. Culpado é quem erra ou falha, transgredindo uma crença irreal de que a perfeição é possível, que temos que ser perfeitos Aqui, Agora, Sempre! Isto é uma idealização. Precisamos ter metas e ideais de perfeição a nos nortear, mas hoje, agora, só podemos viver o real, o que é possível a cada um de nós.
Internalizamos essas crenças através das cobranças “educativas” diárias e, pela vida afora, sempre que erramos nos sentimos culpados, maus, fracos, humilhados, fracassados... Muitas vezes passamos a carregar essas culpas
(mea culpa), tornamo-nos subservientes, deixando-nos vitimar por toda a vida pelos nossos sensores. Outras vezes, como defesa, nos damos desculpas com raciocínios que explicam, mas não justificam, nossos atos, banalizando-os, tornando-nos algo cínicos e insensíveis (É assim mesmo! Sempre foi assim! Todos fazem! Estou só revidando!...) Sofrendo esse assédio da culpa, aprendemos também a contra-atacar, repartindo culpas.
Assim como nos julgam e nos julgamos, também exigimos perfeição nos outros. Quando falham, eles nos decepcionam, nos desiludem. Ficamos frustrados, com raiva, magoados... E “damos o troco”, criticando, humilhando, manipulando, culpando. Nessa visão/crença distorcida do ser humano, acreditamos que não devemos falhar porque o erro trás culpa e exige punição.
Acostumamo-nos também a ficar remoendo os erros (nossos e dos outros) que nos trouxeram tanta dor, eternizando-a, transformando-a em sofrimento e, paralisados, ficamos aprisionados e aprisionamos os outros a esse passado imperdoável.
Tudo se torna ainda mais complicado quando nos dizem que “tem que perdoar”! O que é perdoar? É esquecer? E quando lembrar, nem deve doer? É bonito, é generoso? É cristão, é religioso?
Perdoar é atitude orgulhosa, complacente, condescendente, com os mais fracos, os errados? E se eu não conseguir perdoar? Serei má, errada? Devo sentir-me culpada por não conseguir perdoar?
Hoje estou entendendo que somos seres em processo, ainda não acabados, perfeitos. Minhas falhas, que tanta dor causam a mim e aos outros, trazem oportunidade de aprendizado, de mudança. Como tudo mais, o perdão precisa começar em mim. Sob esse novo olhar, o perdão está ligado à minha capacidade de aceitar o que sou/somos, hoje/agora, o que conseguimos ser a cada momento. Esta idéia me liberta da humilhação por não ser quem “deveria ser”, sempre certa, e vou aprendendo a ser humilde, a aceitar meu tamanho durante meu caminhar; livra-me também, em conseqüência, da arrogância de julgar e condenar os outros.
Perdoar/aceitar não é se acomodar. A culpa é que nos mantém presos ao erro e ao passado.O Perdão trás a idéia de entender e Aceitar, com a responsabilidade de mudar, toda nossa história. Erros não devem acarretar condenações eternas, punitivas, vingativas, mas compromissos nossos com nossa mudança. Quando começo a ter esse entendimento comigo, passo a ver as falhas alheias do mesmo modo. Isto me trás mais compaixão e tolerância. O contacto com minha humanidade faz-me ficar mais sensível à humanidade do outro. Vivemos em relação e como não tenho o poder, nem tampouco a responsabilidade, de modificar alguém, cabe a mim a responsabilidade de estabelecer, comunicar e honrar meus limites às pessoas, em vez de culpá-las por me invadirem. É minha também a responsabilidade de não idealizar os outros para não acusá-los depois de me decepcionarem.
Não quero ser machucada pelas falhas dos outros, não quero ter que julgá-los, culpá-los com mágoa e depois ainda ter o problema de “ter que perdoar”. Estou procurando, um dia de cada vez, substituir minhas culpas por responsabilidade em mudar. E lembrar-me: o perdão começa por perdoar a mim mesmo e então, humilde e humanizado, perdôo ao Outro e, enfim, nos libertamos para continuarmos muito mais comprometidos com um melhor caminhar.
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quinta-feira, 9 de junho de 2011
TRANSFORMANDO NOSSAS PERDAS
“Somos passantes, somos seres de passagem”, mas parecemos ignorar, ou esquecemos, nossa transitoriedade nesse mundo! Identificamo-nos com nossa materialidade e com tudo que nos cerca; buscamos possuir e acumular tudo e todos que nos são caros, que achamos serem necessários à nossa felicidade. Idealizamos situações, pessoas, relações e passamos a acreditar que elas nos pertencem ou às nossas metas. Coerente com isso, temos muito medo de perdê-los! Tentando concretizar ou manter vivos nossos sonhos e ilusões, com expectativas tantas vezes irreais, passamos a vida em luta constante conosco mesmos, com nossos amores, com o mundo. Cobramos e somos cobrados... “tinha que, tem que, devia, podia, ia,ia ia...”
Por triste ironia, quanto mais lutamos mais nos desgastamos e afastamos os que queremos manter sob nosso controle; não evitamos essas perdas, ou outras ainda maiores, que a vida nos impõe. Perdemos nesses confrontos muitas vezes nossa fé em nós mesmos, nas pessoas, em Deus. Na verdade, só perdemos o que acreditávamos possuir ou poder possuir. Mesmo os bens materiais, não possuímos! Somos “meros depositários” desses bens que nos podem ser tirados a qualquer momento e que aqui deixaremos quando daqui partirmos!
Nossas perdas, grandes ou pequenas, materiais ou afetivas, nos desestabilizam porque significam uma ameaça aos nossos desejos, sonhos, expectativas e confrontam a possibilidade deles.
Percorremos então, todos nós, um processo doloroso que se inicia com uma tentativa de negação dessa realidade não desejada. Quando já não podemos mais negar, tentamos manipular, negociar com o poder (Superior ou humano), tentando fugir à perda. A seguir, nos revoltamos com frustração, raiva, mágoa, ressentimento, ante nossa impotência com a situação. Quando finalmente nos esgotamos, caímos num estado de conformação com a perda, embora essa conformação seja plena daqueles sentimentos, mascarados, surdos, enrustidos. Atenção! Nessa fase corremos o risco de ficarmos encalhados, desgastados pelas lutas internas, sem forças para continuar.
Para nos acomodarmos podemos fazer uso de estímulos externos, como o exagerado desfrute de prazeres físicos e materiais; podemos também nos anestesiar com químicos (quaisquer químicos: receitados, aceitos socialmente, penalizados) e com atividades exageradas; podemos ainda nos consolar com auto-piedade, com uma “resignação humilhada”, com uma humildade equivocada. Cuidado! Tudo isso é auto-engano, apenas uma tentativa de sobrevida!
Se, no entanto, não nos enganarmos, se não desistirmos de realmente Viver, se enfrentarmos a dor da realidade que se revela diferente dos sonhos, se nos dispusermos a acolher nossa tristeza, respeitá-la, chorá-la - poderemos entrar num estado de paz interior, gerada pela Aceitação do “inaceitável”, pela aceitação da dor como parte do processo da vida, pela aceitação da realidade como se apresenta. E é essa paz que nos permite canalizar nossa energia para descobrir ou criar efetivas possibilidades de buscar a felicidade.
Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com
sábado, 4 de junho de 2011
SEDUÇÃO
Sedução é a atração não espontânea. Não é espontânea porque nós a usamos com a intenção de exercermos nosso poder sobre as pessoas.
Funciona como uma armadilha que atrai, engana, prende, aprisiona, cativa.
A arte da sedução nos é ensinada desde sempre, em família e em sociedade.
Aprendemos a seduzir para encantar, para nos sentirmos queridos, cuidados, admirados, mimados, necessários... Seduzimos para ganhar carinho, status, prestígio, posses... Tudo o que perseguimos fora de nós mesmos e acreditamos que possa nos completar e dar felicidade.
O próprio amor que tanto buscamos está atrelado à necessidade de poder sobre o Outro, para neutralizarmos o medo de perdê-lo, de sermos rejeitados, preteridos.
A sedução está sempre a serviço da manipulação. Mesmo quando exibimos qualidades verdadeiras, se nós as usamos para atrair, prender, manipular, elas tomam então características de exposição, promoção direcionada, propaganda perigosa.
No afã de nos revelarmos sob as luzes mais brilhantes, criando uma imagem sedutora, usamos variadas máscaras: de sorrisos, alegria, ingenuidade, beleza, “humildade”, sofrimento... E outras tantas armas: força, sofisticação, sexo, “saber”, poder, riqueza, fraqueza, pobreza, personalidade... Tudo de acordo com o alvo a atingir, a seduzir.
Nesse mundo competitivo, parece que vale tudo, só não queremos é perder!
Precisamos, no entanto, ser cuidadosos com o que buscamos, quem seduzimos, cuidadosos com a imagem que mostramos, porque na realidade nos tornamos reféns da conquista e daquilo que projetamos. Mesmo que mais tarde nos desinteressemos dos alvos de nossa sedução ou descubramos outros desejos, ainda assim somos responsáveis pelas conseqüências de nossas seduções, pelo que prometemos ou insinuamos, e certamente disto tudo seremos cobrados.
Nesse processo que iniciamos de libertação interior, torna-se necessário uma atenção constante, gentil, cuidadosa, no modo como nos revelamos – com verdade, honestidade, espontaneidade – sem artimanhas de sedução. É tão difícil! Essa forma de nos apresentarmos ao mundo está tão enraizada em nós! Mas vale a pena a tentativa e o exercício!
A nossa liberdade vale esse desafio.
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