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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

VAIDADE



             É a face do Orgulho que me leva à necessidade de mostrar, exibir, reafirmar, que Sou Mais. A vaidade nos leva a sermos escravos de uma eterna comparação com os outros. Precisamos demonstrar aos outros, ou reafirmar a nós mesmos, que somos mais e melhores. Vivemos nos comparando e temos muito medo de descobrirmos algum aspecto nosso onde talvez sejamos Menos! Quando isso parece nos ameaçar, tendemos a uma atitude de despeito (desvalorizando o outro) ou de inveja (raiva surda pelas conquistas ou possibilidades do outro). A Vaidade, um sub produto do Orgulho, anda, assim, muito mal acompanhada pela Comparação, pelo Despeito, pela Inveja, pela Arrogância, pela Pretensão... Em maior ou menor grau, esses e outros aspectos do Orgulho existem e coexistem dentro de nós, disfarçados, escondidos, minimizados e justificados pela necessidade de lutar e competir que aprendemos no processo de nutrir nosso ego, de reforçarmos nossas defesas.

            Lutamos todo o tempo para, vaidosos, podermos exibir nossa superioridade em bens, beleza, força, poder, prestígio... Isso é coisa mesmo de ego, mas chegamos ao absurdo de querermos ser superiores até em aspectos espirituais!!! Esquecemos, ou desconhecemos, que a espiritualidade é interior, individual, não admite comparação e disputas!  Mas, inconscientes disso, nos comparamos e ficamos orgulhosos, nos sentimos vaidosos de nossa bondade, caridade, simplicidade, até de nossa humildade!!! E usamos, então, uma máscara, inconsciente ou não, de “falsa modéstia”.

            É interessante observarmos que a vaidade é diferente da Simplicidade, da Alegria natural que sentimos por possuirmos bens materiais suficientes, sem exageros; da Alegria pelo gozo de podermos usufruí-los, enquanto por aqui estivermos, sem necessidade de ostentação; da Alegria natural ao reconhecermos nossas qualidades físicas, intelectuais, morais e espirituais, sem comparações, apenas a Alegria...

A Vaidade tem foco externo, necessita de comparações, disputas e exibições, para que nos sintamos confiantes, orgulhosos e satisfeitos com nossa superioridade. Isso pode até nos trazer prazer.

A Simplicidade tem foco interno, advém da aceitação de Ser, é Interior, gera Serenidade e Alegria... Ela transborda, generosamente, de nós para o mundo, nos fazendo querer compartilhar o que temos, o que sentimos, o que Somos. E isso nos traz Felicidade!

             Fomos ensinados a cultivar, ainda que dissimuladamente, a Vaidade. Em nosso processo de crescimento e libertação, precisamos descobrir e atravessar a diferença sutil entre nosso olhar Exterior ou Interior.
Um (a vaidade), nos prende ao prazer sempre disputado. Outro (a simplicidade), nos leva à libertação e à Felicidade.

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domingo, 23 de setembro de 2012

MELINDRE



          “- Tenho muita sensibilidade, tenho “pele fina”, sou delicada... As pessoas deveriam perceber que somos “especialmente” especiais, que tudo nos toca e sensibiliza mais! Não somos como qualquer “casca grossa” insensível! Precisamos que tenham cuidado para não ferir nossos sentimentos, tão delicados! Somos melindrosos e facilmente, às vezes para sempre, nos sentimos machucados, feridos, melindrados!”

            Estas são tentativas de explicar e justificar nossas mágoas, nossos melindres nas relações. Esta é a resposta que nosso Orgulho( a percepção deformada de nós mesmos) nos induz a ter. Acreditamos, então, mesmo inconscientemente, que somos mais especiais, mais merecedores de cuidados, de atenções, de gentilezas...
Nossos melindres denunciam nosso orgulho! É muito importante podermos observá-los, sem justificá-los ou banalizá-los, para podermos descobrir esta característica em nosso caráter!

            Expectativas altas, muito altas, sobre como devemos ser tratados porque somos “especiais”, as mágoas constantes, os ressentimentos eternos e escondidos, até de nós mesmos, denunciam nosso melindre e... nosso orgulho. Num mundo competitivo, grosseiro, individualista... torna-se fácil escondermos de nós mesmos esse aspecto, pela agressividade e falta de gentileza dos outros.

            Talvez possa nos ajudar observarmos delicadamente e em profundidade, aquelas nossas mágoas que resistem ao tempo e à nossa compreensão dos fatos e dos outros; mágoas que persistem, mesmo depois de havermos “perdoado”. Elas se escondem bem fundo, intocadas e isoladas, disfarçadas pela nossa “compreensão”, mas ressurgem, com uma raiva surda, quando relembramos os fatos que as originaram! E só então descobrimos que ainda estamos melindrados! Que sentimos raiva e mágoa por não terem reconhecido que éramos “mais merecedores”!

            O Melindre, como um aspecto do Orgulho, depois que o identificamos e entendemos, requer nossa constante atenção (com bom humor e paciência) para não “viajarmos” de novo, esperando cuidados sempre especiais para com “a nossa pessoa”.

É importante substituir essa “pele fina” melindrada e orgulhosa por auto respeito, expresso pela responsabilidade de estabelecermos, comunicarmos e honrarmos nossos limites nas nossas relações, estando também atentos às limitações, às possibilidades dos outros.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

MATERIALIDADE



           Uma historinha: um homem saltou de seu carro caríssimo, último modelo, em frente ao clube onde pretendia exibi-lo a seus amigos. Nesse momento, um caminhão desgovernado passa arrastando a porta do veículo. Horrorizado, o homem gritava e se lamentava... Um guarda correu e tentou chamá-lo à realidade, dizendo: “O senhor se desesperou tanto pelo prejuízo do carro que nem reparou que, junto com a porta, seu braço também foi arrancado!” E o homem, mais horrorizado ainda, gritou: “Meu Deus, o meu rolex!!!”  Isto é materialidade!

            É o excesso de identificação com os valores materiais, através dos quais buscamos, continuamente, prazeres, acolhimento e valorização social.“Precisamos” desfrutar, possuir, ter, exibir... para nos Saciar e Parecer!

Identificamo-nos, em excesso, com nosso corpo quando o usamos( e abusamos) como arma de sedução, prazer, força e poder... E, mais tarde, o rejeitamos, nos envergonhamos dele, quando, já gasto e envelhecido, não nos serve mais para esse propósito! Essa mesma identificação excessiva com o mundo material nos faz reféns da necessidade de possuir. Possuir pessoas que nos amem, nos valorizem, não nos abandonem... Possuir bens, quaisquer outros bens (desde terras, fortunas...até objetos da moda), pelos quais chega-se até a roubar e a matar...porque, muito mais que beleza e conforto físico, esses bens simbolizam status, nos dão visibilidade, prestígio, poder...

Estamos nesse mundo físico e competitivo. Nosso ego a ele se adaptou inteiramente para melhor nos “defender” dos outros e melhor lutar pela satisfação de nossos desejos. Nessa disputa, explorando nosso corpo e subjugando nossos sentimentos, o ego até nos proporciona prazeres e vitórias, mas não consegue nos dar Felicidade, porque estamos aqui, mas não Somos inteiramente daqui, não pertencemos definitivamente a essa dimensão! Todo esse materialismo disputado e desfrutado, não consegue nutrir nossa dimensão Espiritual/Amorosa. Não a alcança porque o ego oferece e busca os bens materiais; ele fala o idioma do Ter e do Parecer, mas nós, Seres Espirituais, ainda que numa passagem material, precisamos de muito mais do que a materialidade pode oferecer, precisamos ouvir, acreditar e compartilhar os Valores e a linguagem do Amor...

Precisamos aprender a Ser, descobrindo e vivenciando tudo que realmente somos, para sermos felizes!

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sábado, 15 de setembro de 2012

ARIDEZ



           Assim como a terra, que sem a graça da chuva, da água, torna-se árida, ressecada, quebrada, desvitalizada... nós também podemos sofrer esse mesmo processo se permanecermos desconectados de nossa Água, nossa Fonte de Origem, de nossa espiritualidade, que nos permite desfrutar e compartilhar ternura, compaixão, alegria, verdade...

            Em nossa luta e disputa para sermos Mais, os Mais, perdemos a doçura, a gentileza... Acreditamos que precisamos saber mais, ganhar mais,  fazer mais, ter mais razão, prestígio, poder... Queremos ser os mais virtuosos, os mais religiosos, os mais “amorosos”, os mais dedicados... E nessa disputa para sermos superiores e melhores, lutamos, não facilitamos, não brincamos... Tornamo-nos severos juízes, críticos ácidos, pessoas ressecadas, áridas, sem alegria, sem amor e sem bom humor! Isolamo-nos em nossa “virtude esturricada”, desidratada, incapazes de acolher a humanidade dos outros, porque, já então, ignoramos e negamos nossa própria humanidade! Permanecemos aprisionados nesse deserto de ilusória superioridade, vaidosos, soberbos, orgulhosos de sermos melhores, mas sedentos em nossa solidão desumanizada, reféns de nosso auto-engano.
           
            Mesmo os poderosos oceanos sabem que sua imensidão depende da eterna troca com rios, nuvens e até com as mínimas fontes – com todas as águas. Nós, também, somos todos participantes de uma eterna troca de humanidades, a caminho de um Oceano de Luz.

            Precisamos nos descobrir e sentir iguais em nossa dor, em nossa busca, em nosso valor, para não nos sentirmos isolados, para não secarmos. Precisamos dessa troca, compartilhando para aliviar nossa sede de acolhimento, de aceitação, de amor... Precisamos compartilhar para nos “irrigarmos”, uns aos outros, com compaixão, compreensão, generosidade, alegria... Precisamos compartilhar para mais facilmente irmos em direção ao nosso Manancial Sagrado Interior – a nossa Espiritualidade.

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

ASSÉDIO



            Poucas coisas podem nos fazer ficar mais teimosos, fechados, defensivos, do que nos sentirmos assediados. Assédio é a tentativa invasiva, desrespeitosa, insistente, odiosa, de se tentar convencer o outro a aderir às suas idéias, aos seus desejos, às suas atitudes. É querer vencer pelo cansaço, subjugar pela conformação, pela desistência, pelo medo. Esse comportamento irritante pode se fazer sentir em quaisquer aspectos, no âmbito das relações: nas opiniões, nas paixões, nos gostos... enfim no direito de escolhas de cada um: assédio político, religioso, sexual..

            Os mais sufocantes assédios acontecem no âmbito da família. Em nome do amor e da “intimidade”, eu decido o que é melhor para mim, para o outro ou para nós. Assim disfarço o assédio e ainda manipulo o outro na relação, mostrando-me magoado, jogando culpa, distribuindo acusações de ingratidão, teimosia... acusando-o de me decepcionar.

O Assédio, essa tentativa insistente de violar o espaço, o tempo, as escolhas, do outro, revela uma incapacidade de se relacionar com as diferenças, revela uma imaturidade para lidar com a realidade quando ela frustra nossas expectativas irreais, revela uma imensa insensibilidade com os sentimentos e o direito à liberdade do outro. O Assédio disfarça uma arrogância insuportável ao se achar com as melhores escolhas e um egoísmo agressivo que acaba por tornar insustentável a relação.

É importante nos mantermos atentos para não aceitarmos sermos assediados e, também, para não nos tornarmos os que assediam!

Assédio, qualquer assédio, é a agressão contínua às livres escolhas, é o desrespeito que enjoa, irrita, afasta... Por isso, coloque-se, até sugira, mas jamais insista! Isto é Assédio!

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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O ENVELHECER


           A princípio, quando jovens, parece-nos tão distante! Até mesmo impossível! Com o passar do tempo, cada vez mais próximo, o envelhecer revela-se, aos primeiros avanços, muito difícil, complicado, doído... Parece-nos uma terrível continuidade de perdas: da juventude, da beleza física, do poder, da potência, do mando, do comando, dos sonhos delirantes... Perda daqueles que nos receberam quando aqui chegamos, perda dos ainda tão jovens, que cedo nos deixaram, perda da “turma” do nosso tempo – a nossa turma, nossos contemporâneos, perda dos filhos e netos que iniciam suas próprias famílias, que escolhem seus próprios caminhos, perda dos nossos companheiros, parceiros e testemunhas de nossa vida... Perdas, perdas... Perda da capacidade de ter, de poder fazer, de sentir-nos útil aos outros, ao mundo... E nos questionamos: Para que sirvo, se já não sirvo? Nesse mundo objetivo, prático, utilitário, materialista... qual a minha utilidade?

            Se mantivermos o foco de nossa atenção nesse mundo exterior, num eterno apenas usufruir e servir material, nosso envelhecimento físico parece nos condenar somente às perdas.

            Mas, mudando nosso olhar para uma visão mais abrangente, veremos que não são somente perdas! Acredito que elas têm a função de redirecionar nosso olhar da materialidade de nosso mundo externo, ilusório e transitório, para que possamos tomar consciência de valores espirituais permanentes. A Natureza tão sábia, obra de um Poder Amoroso tão Perfeito, vai preparando-nos, através dessas perdas, a uma nova etapa em nosso caminho, orienta-nos para uma nova escuta, um novo horizonte, um novo foco – para nós mesmos. E, então, nos defrontamos com outros questionamentos: Quem sou, mesmo, eu? Qual é, mesmo, a minha história? A quem, mesmo, preciso servir? Qual a minha mais importante utilidade no plano de Deus?

            Com esse novo olhar, interior, descobrimos em nós uma Utilidade que independe do Outro, do Mundo, até mesmo das nossas possibilidades físicas de transitar ou interagir com eles. Quanto mais nos vemos e revisitamos nossa história, quanto mais nos compreendemos, mais podemos nos libertar num nível mais profundo, nos modificar e nos transformar. E, então, descobrimos ser essa nossa maior e verdadeira utilidade no propósito de Deus para cada um de nós!

            A Aceitação das dificuldades e perdas do processo de Envelhecer transforma a dor e a humilhação do Não mais Poder e do Não mais Parecer em humildade e serenidade, nos fazendo desfrutar, cada vez mais, a gostosura simples de Ser.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ARREPENDIMENTO



            O Arrependimento nos chega quando conseguimos abertura suficiente do coração e da mente para fazer uma releitura de nossas atitudes. É o “dar-se conta” de si mesmo! É quando nos olhamos com mais honestidade, com mais liberdade em relação a tudo que nos passaram como verdades absolutas; é quando escutamos nossa Consciência Espiritual. Encontramos, então, até explicação para nossos erros, mas não mais os justificamos, tirando o foco de nós mesmos e o colocando fora de nós – nos outros, no mundo, na vida...

            É um momento delicado, este da tomada de consciência. Devemos estar atentos e cuidadosos para não nos deixar levar, então, pelo pensamento irreal de que não poderíamos jamais errar, senão nos sentiremos paralisados e aprisionados pela culpa e pelo remorso.  E a culpa e o remorso, nos acorrentando à dor, tiram nossa energia, nossa alegria, nossa capacidade de reformular crenças e atitudes, nossa capacidade de continuar a caminhar com mais sabedoria, mais humildade... Se nos deixamos ficar remoendo erros, sem aprendizado, orgulhosos/humilhados, vítimas e carrascos de nós mesmos, acabamos por tentar fugir da dor encarando nossos comportamentos com cinismo (Sou, mas quem não é?), arranjando desculpas, distribuindo culpas à nossa volta, com atitudes de desonestidade e irresponsabilidade, conosco mesmos e em nossas relações.

            O Arrependimento é o momento bonito e libertador, ainda que doído, que pode marcar o início de uma nova direção, de uma nova etapa em nosso caminho. O Arrependimento de nossos erros, com a simplicidade, a verdade e a humildade que advém desse reconhecimento nos traz dor, mas a Aceitação do que fomos ou fizemos nos dá a paz e a energia necessárias para nossa mudança, para nossa transformação.

            Reconhecer, Arrepender, Aceitar, Mudar,  Transformar-se...é o Caminho!

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