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domingo, 23 de setembro de 2012

MELINDRE



          “- Tenho muita sensibilidade, tenho “pele fina”, sou delicada... As pessoas deveriam perceber que somos “especialmente” especiais, que tudo nos toca e sensibiliza mais! Não somos como qualquer “casca grossa” insensível! Precisamos que tenham cuidado para não ferir nossos sentimentos, tão delicados! Somos melindrosos e facilmente, às vezes para sempre, nos sentimos machucados, feridos, melindrados!”

            Estas são tentativas de explicar e justificar nossas mágoas, nossos melindres nas relações. Esta é a resposta que nosso Orgulho( a percepção deformada de nós mesmos) nos induz a ter. Acreditamos, então, mesmo inconscientemente, que somos mais especiais, mais merecedores de cuidados, de atenções, de gentilezas...
Nossos melindres denunciam nosso orgulho! É muito importante podermos observá-los, sem justificá-los ou banalizá-los, para podermos descobrir esta característica em nosso caráter!

            Expectativas altas, muito altas, sobre como devemos ser tratados porque somos “especiais”, as mágoas constantes, os ressentimentos eternos e escondidos, até de nós mesmos, denunciam nosso melindre e... nosso orgulho. Num mundo competitivo, grosseiro, individualista... torna-se fácil escondermos de nós mesmos esse aspecto, pela agressividade e falta de gentileza dos outros.

            Talvez possa nos ajudar observarmos delicadamente e em profundidade, aquelas nossas mágoas que resistem ao tempo e à nossa compreensão dos fatos e dos outros; mágoas que persistem, mesmo depois de havermos “perdoado”. Elas se escondem bem fundo, intocadas e isoladas, disfarçadas pela nossa “compreensão”, mas ressurgem, com uma raiva surda, quando relembramos os fatos que as originaram! E só então descobrimos que ainda estamos melindrados! Que sentimos raiva e mágoa por não terem reconhecido que éramos “mais merecedores”!

            O Melindre, como um aspecto do Orgulho, depois que o identificamos e entendemos, requer nossa constante atenção (com bom humor e paciência) para não “viajarmos” de novo, esperando cuidados sempre especiais para com “a nossa pessoa”.

É importante substituir essa “pele fina” melindrada e orgulhosa por auto respeito, expresso pela responsabilidade de estabelecermos, comunicarmos e honrarmos nossos limites nas nossas relações, estando também atentos às limitações, às possibilidades dos outros.

Comentários / Contato : mariatude@gmail.com