“- Tenho muita sensibilidade, tenho “pele fina”, sou
delicada... As pessoas deveriam perceber que somos “especialmente” especiais,
que tudo nos toca e sensibiliza mais! Não somos como qualquer “casca grossa”
insensível! Precisamos que tenham cuidado para não ferir nossos sentimentos,
tão delicados! Somos melindrosos e facilmente, às vezes para sempre, nos
sentimos machucados, feridos, melindrados!”
Estas são
tentativas de explicar e justificar nossas mágoas, nossos melindres nas relações. Esta é a resposta que nosso Orgulho( a
percepção deformada de nós mesmos) nos induz a ter. Acreditamos, então, mesmo
inconscientemente, que somos mais especiais,
mais merecedores de cuidados, de
atenções, de gentilezas...
Nossos melindres
denunciam nosso orgulho! É muito
importante podermos observá-los, sem justificá-los ou banalizá-los, para
podermos descobrir esta característica em nosso caráter!
Expectativas
altas, muito altas, sobre como devemos ser tratados porque somos “especiais”,
as mágoas constantes, os ressentimentos
eternos e escondidos, até de nós mesmos, denunciam nosso melindre e... nosso orgulho.
Num mundo competitivo, grosseiro, individualista... torna-se fácil escondermos
de nós mesmos esse aspecto, pela agressividade e falta de gentileza dos outros.
Talvez
possa nos ajudar observarmos delicadamente e em profundidade, aquelas nossas
mágoas que resistem ao tempo e à nossa compreensão dos fatos e dos outros;
mágoas que persistem, mesmo depois de havermos “perdoado”. Elas se escondem bem
fundo, intocadas e isoladas, disfarçadas pela nossa “compreensão”, mas
ressurgem, com uma raiva surda,
quando relembramos os fatos que as originaram! E só então descobrimos que ainda
estamos melindrados! Que sentimos raiva e mágoa por não terem reconhecido que éramos
“mais merecedores”!
O Melindre, como um aspecto do
Orgulho, depois que o identificamos e entendemos, requer nossa constante
atenção (com bom humor e paciência) para não “viajarmos” de novo, esperando
cuidados sempre especiais para com “a nossa pessoa”.
É importante substituir essa
“pele fina” melindrada e orgulhosa por auto respeito, expresso pela
responsabilidade de estabelecermos, comunicarmos e honrarmos nossos limites nas
nossas relações, estando também atentos às limitações, às possibilidades dos
outros.
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