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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O ENVELHECER


           A princípio, quando jovens, parece-nos tão distante! Até mesmo impossível! Com o passar do tempo, cada vez mais próximo, o envelhecer revela-se, aos primeiros avanços, muito difícil, complicado, doído... Parece-nos uma terrível continuidade de perdas: da juventude, da beleza física, do poder, da potência, do mando, do comando, dos sonhos delirantes... Perda daqueles que nos receberam quando aqui chegamos, perda dos ainda tão jovens, que cedo nos deixaram, perda da “turma” do nosso tempo – a nossa turma, nossos contemporâneos, perda dos filhos e netos que iniciam suas próprias famílias, que escolhem seus próprios caminhos, perda dos nossos companheiros, parceiros e testemunhas de nossa vida... Perdas, perdas... Perda da capacidade de ter, de poder fazer, de sentir-nos útil aos outros, ao mundo... E nos questionamos: Para que sirvo, se já não sirvo? Nesse mundo objetivo, prático, utilitário, materialista... qual a minha utilidade?

            Se mantivermos o foco de nossa atenção nesse mundo exterior, num eterno apenas usufruir e servir material, nosso envelhecimento físico parece nos condenar somente às perdas.

            Mas, mudando nosso olhar para uma visão mais abrangente, veremos que não são somente perdas! Acredito que elas têm a função de redirecionar nosso olhar da materialidade de nosso mundo externo, ilusório e transitório, para que possamos tomar consciência de valores espirituais permanentes. A Natureza tão sábia, obra de um Poder Amoroso tão Perfeito, vai preparando-nos, através dessas perdas, a uma nova etapa em nosso caminho, orienta-nos para uma nova escuta, um novo horizonte, um novo foco – para nós mesmos. E, então, nos defrontamos com outros questionamentos: Quem sou, mesmo, eu? Qual é, mesmo, a minha história? A quem, mesmo, preciso servir? Qual a minha mais importante utilidade no plano de Deus?

            Com esse novo olhar, interior, descobrimos em nós uma Utilidade que independe do Outro, do Mundo, até mesmo das nossas possibilidades físicas de transitar ou interagir com eles. Quanto mais nos vemos e revisitamos nossa história, quanto mais nos compreendemos, mais podemos nos libertar num nível mais profundo, nos modificar e nos transformar. E, então, descobrimos ser essa nossa maior e verdadeira utilidade no propósito de Deus para cada um de nós!

            A Aceitação das dificuldades e perdas do processo de Envelhecer transforma a dor e a humilhação do Não mais Poder e do Não mais Parecer em humildade e serenidade, nos fazendo desfrutar, cada vez mais, a gostosura simples de Ser.

Comentários / Contato : mariatude@gmail.com