Gosto de
olhar árvores. Elas têm uma identidade própria, não só da sua espécie, mas são
uma forma única, particular, da Expressão Divina. Não existem duas iguais! Como
tudo no universo, elas nos reafirmam que “O Criador é tão criativo, que só
“trabalha” com originais, jamais com cópias!”
Elas cumprem, ainda inconscientes e
“obedientes”, o seu mandado divino: nascem, crescem, lutam pela sobrevida,
florescem, frutificam e morrem – voltam ao pó da terra que ajudam a adubar. Em
seu viver, elas somente doam e servem: alimento, ar puro, abrigo, sombras
gostosas e refrescantes, proteção, cor, beleza...
Gosto de olhar árvores! Elas me
transmitem um sentimento de segurança, força, tranqüilidade, em seu
enraizamento na terra. Abraçá-las, senti-las, passa-me tudo isso, mas eu, tola,
fico muitas vezes com vergonha de alguém me ver “abraçando árvores”!
Gosto de olhá-las e de tocá-las:
troncos lisos/suaves, troncos ásperos/envelhecidos, troncos
espinhosos/defensivos... Umas são frondosas, acolhedoras, outras “doidonas”,
sem nenhuma simetria, outras ainda elegantes, altaneiras...Suas folhas,
ramagens, ora em sombras fechadas, ora em sombras leves e abertas. Transmitem
também uma idéia de alegria quando sacudidas pelas brisas suaves e me dão
exemplo de paciência e humildade quando se curvam nas fortes ventanias.
Gosto de ver o chão coberto de
suas folhas douradas, bonitas até na morte! E das folhas novas verdes, clarinhas,
despontando nos galhos, garantindo uma eterna renovação.
Gosto do odor adocicado que
exalam, anunciando com suas flores, a frutificação, o deleite dos sabores e a
doação à terra de sementes para continuidade da vida!
Árvores - são nossas companheiras
nessa jornada. Estamos no mesmo barco; habitamos a mesma Terra; temos da mesma
Origem. Como elas, estamos “em processo”, mas elas apenas doam e nós apenas
tomamos. Sequer queremos ter o trabalho delas cuidar, antes de sucateá-las. Nas
ruas das cidades deixamos, muitas vezes, de garantir que tenham um mínimo de
espaço, um direito a receber água para sobreviver! São podadas e sangradas
continuamente, até a morte. Abatidas para facilitar acesso a edifícios e mais
edifícios, concreto puro! Às vezes, fico imaginando, assustada, como seria o
mundo à minha volta sem elas: Quanta falta de ar, de cor... Quanto calor,
quanta falta de beleza! Ruas áridas, quentes, asfaltadas, poeirentas, sem vida,
sem alegria... Parece filme de horror!