Pesquisar este blog

sábado, 30 de março de 2013

O DILEMA DO CASAMENTO II - O Desencanto



               O casamento pode ser uma forma de desgostar”.
No dia a dia, acreditando na necessidade do uso continuado de máscaras e atitudes que demonstrem nosso valor, acabamos precisando sempre “mostrar serviço” para provar que somos merecedores de todo amor, que temos mais razão, que sabemos mais, que nos sacrificamos mais, que somos, enfim, os melhores! Mas acabamos nos envolvendo, sem sentir, num processo competitivo dentro da relação, porque o outro não quer ser o que sabe menos, o que tem menos razão, o que é menos... o que é, enfim, o pior! A linguagem, que era amorosa, gentil, carinhosa, vai-se modificando, tornando-se áspera, dura, contundente... porque a linguagem da competição é a linguagem da guerra!

            Como animais enredados numa armadilha, ficamos com muito medo, ficamos confusos e cada vez mais nos debatemos, repetindo o que sabíamos fazer – competir, tentar controlar, lutar, tentando não nos perder um do outro.  E nessa luta, tão equivocada, usamos as armas que nossos sentimentos tão doídos e escondidos nos impeliam a usar:
 - e vieram as facilitações/concessões exageradas, manipulações para manter o controle, muitas vezes seguidas de amargas cobranças, num jogo perverso de vítima/vitimador. Reclamações, lamentos, críticas... por tudo o  que, pela nossa ótica, oferecíamos e já não recebíamos!
 - e vieram as crises de raiva explícita, explosões de frustrações silenciadas, disfarçadas...
 - e vieram os segredos e as mentiras, pequenos ou grandes, e os silêncios de manipulação para “criar um clima”, distorções da comunicação que  traziam cada vez mais insegurança à relação já tão machucada e levavam a um distanciamento defensivo cada vez maior.
 - e vieram as ironias, as “ridicularizações”, a esnobação, a indiferença aparente, mentirosa e tão doída do “estou nem aí”.
 - e vieram a vergonha, a culpa, o sentimento de fracasso... E um grande ressentimento com o parceiro que “não colaborou”.
Toda essa dor petrificada, transformou-se em arma e as pedras eram constantemente lançadas um ao outro.
 - e vieram tantas mais... “São tantas coisinhas miúdas...”  até que sobreveio um grande Silêncio!
  
Partindo de premissas falsas, crenças irreais, sentimentos negados e disfarçados, de tentativas contínuas de controle, de comunicação distorcida ou calada - “se fosse resolver iria te dizer da minha agonia...” -   chegamos a um grande impasse.
Foi um longo percurso, uma longa agonia, disfarçada e mascarada no dia a dia. O que os une ainda? A raiva, a teimosia, a possibilidade de “dar o troco”, de não “deixar barato”, a “família” atormentada e “mal ensinada”, o medo, a crença de que deve ser “até que a morte (misericordiosamente) nos separe...?

Todos estão feridos, muito machucados. Uns se lamuriam com o mundo, cheios de auto-piedade
 - a outros, uma máscara de indiferença talvez pareça a melhor defesa. Tentam manter-se blindados afetivamente, às vezes até cinicamente.         - - alguns, tornam-se reféns de um ressentimento imenso, analisando, sempre sob a mesma ótica, os erros e as culpas... do Outro! E partem para novas buscas, de um novo parceiro mais adequado, perfeito para ser enquadrado em seus mesmos velhos ideais... para começar tudo de novo!
 - Outros acreditarão em todas as culpas e fracassos que lhe foram imputados e, envergonhados, seguirão humilhados e submissos na relação ou fugirão de qualquer outro envolvimento afetivo.
 - Mas alguns outros...


                                                                                                          Continua...