Queremos nos sentir especiais: especialmente amados e
valorizados.
Queremos ser os escolhidos, os preferidos, os únicos.
Queremos descobrir e nos assenhorear daquele/a que é a “nossa outra metade”,
aquele/a que irá nos “completar”, dar “sentido à nossa vida”... Quando
encontramos esse eleito/a, acreditamos que somos responsáveis por sua
felicidade, e ele/a pela nossa; acreditamos que temos o poder e o dever de
cuidar de suas vidas, controlando-as e modificando-os conforme seja necessário,
Por Amor. Se não falhássemos, mostraríamos nosso valor e seríamos para sempre
amados! Afinal, tínhamos descoberto
alguém que, acreditávamos, era a solução romântica para nossa necessidade de
Ser, Ter e Pertencer; alguém que ia nos salvar, completar e amar! E nos
apaixonamos!
Estávamos encantados pela
perspectiva de viver esse sonho de amor...Vestimos as mais variadas e flexíveis
máscaras, adaptáveis às mais variadas situações. E o jogo da sedução se inicia
de ambas as partes: umas talvez mais do que outras, mas todos jogando – com a
melhor e mais amorosa das intenções! É um jogo que nos envolvia, cheio de purpurinas,
ilusões, fantasias... E era, ainda, muito bom! Precisávamos manter os jogadores
interessados, porque o jogo não podia parar ou esfriar. Ele estava
garantindo-nos o que qualquer ser humano mais necessita – Amor e Valor.
Ao acharmos essa pessoa especial
para amarmos, ficamos tão envolvidos e encantados que só pensamos em “fazê-la
feliz”!... e esperamos o mesmo do outro! (Não sabíamos que ninguém tem o poder
de fazer feliz ou infeliz a qualquer pessoa!) Afinal, quem é o Outro? O que
sabemos, realmente, das crenças suas e das crenças de sua origem? O que sabemos
além do que socialmente, superficialmente, nós mostramos um ao outro, querendo
sempre agradar? Naquele momento só víamos o que desejávamos ver e tínhamos
ainda a ilusão/intenção, muitas vezes, de “salvá-lo” de sua origem familiar, de
sua história, porque estávamos dispostos a dar-lhes o melhor. (Eu o amo, eu sei
o que é melhor para ele!).
Na verdade, somos crias de nosso
ninho. Confrontamos, brigamos com nossa origem, mas ela estará sempre presente
em nós e, em algum momento, revelaremos aspectos dela em nossas crenças e
atitudes. Tendemos a repetir os papéis nela aprendidos ou, em outros casos,
quando somos muito reativos, tendemos a fazer tudo ao contrário, numa forma, às
avessas, de continuar preso à Família. Na busca amorosa, todos esses fatores
nos influenciam, mas nós não sabemos.
Ao realizarmos nosso sonho
romântico, nos apossamos da pessoa amada, nos assenhoreamos da situação e
passamos da fase da Sedução e Encantamento ao nosso objetivo inconsciente de
“fazê-la feliz” e “cuidar dela”, ao nosso modo. Também faz parte de nossas
crenças, acreditar que temos esse Poder e até esse Dever – somos responsáveis
pelo outro! Precisamos fazer a nossa parte, não podemos perder aquele/a que nos
completa e dá significado às nossas vidas! E nos lançamos à luta pela
felicidade! Nessa luta em nome do amor, vale tudo?! Usaremos de todas as armas
para atingir esse fim!
A relação amorosa, que se iniciara baseada em
crenças ideais, irreais, em fantasia, numa linda ilusão, num gostoso jogo de
sedução , algo cego e inconsciente, agora de transformara em Luta!
Será que pode dar certo? Será que o Amor resistirá?
Continua...