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quarta-feira, 11 de junho de 2014

ESTABELECENDO LIMITES


           Por que tenho tanta dificuldade para estabelecer um limite respeitoso entre mim e as pessoas da minha vida? E a dificuldade aumenta ainda mais na medida em que mais significativas/importantes essas pessoas são para mim!

            Talvez porque me tenha sido ensinado, ou entendi assim, que “amar é misturar” - misturar nossas vidas, destinos, idéias, sonhos, sentimentos...
Que amar é tentar viver, por amor, a vida dos outros. Tentar livrá-los de erros, perdas, penas, descaminhos... Acreditava que precisava invadi-los, sem limites, para tentar protegê-los, para melhor cuidá-los... ou me sentiria culpada se falhasse! Também tinha medo de lhes negar qualquer coisa, de dizer não, de fazer respeitar meus limites, minhas possibilidades, meus gostos, - e assim lhes desagradar, decepcionar suas expectativas... E se não mais me valorizassem? E se me amassem menos? E se me preterissem? E se me abandonassem?...

            Hoje começo a entender que estabelecer um limite entre as pessoas, mesmo as mais queridas, é apenas respeitar sua alteridade, suas características diferentes de seres únicos que são, com destinos e possibilidades próprias. E para isso, começo a entender que cada um precisa ser respeitado em suas escolhas (mesmo as que não nos parecem boas) porque delas é que recolherão um aprendizado.
Não tenho o direito de impedir esse processo natural, que é o próprio sentido da vida, assim como, mesmo em nome do amor, não posso permitir que queiram dirigir meu caminhar e invadam o espaço que necessito para ser quem Sou.

            Entendi tudo isso! Já é um começo! Mas ainda tenho muita dificuldade de estabelecer alguns desses limites, em algumas de minhas relações! Ainda prevalecem alguns daqueles medos... Medo da reação zangada/agressiva dos “mal acostumados”, medo da insistência e manipulação dos invasivos, medo da dor do outro que, sem entender, talvez se sinta rejeitado...

            Preciso estar atenta e paciente comigo mesma e em minhas relações. Mudanças em crenças, pensamentos, sentimentos e atitudes são difíceis e vagarosas.  Preciso compartilhar essas dificuldades tão humanas, para “desencantá-las”, tirar-lhes poder, deixá-las sair... Preciso aprender (e exercitar) a me comunicar com honestidade. Preciso dizer de minhas necessidades e prioridades, preciso dar voz a mim e ouvir os outros, preciso dizer da importância para nossa relação de respeitarmos nossos limites. Preciso exercitar, um dia de cada vez, a cada momento, o auto-respeito e o respeito aos outros, estabelecendo e honrando os meus limites.

            O Respeito é a face primeira do Amor e é o alicerce para a construção do Auto Amor.