Por que tenho tanta dificuldade para estabelecer um limite
respeitoso entre mim e as pessoas da minha vida? E a dificuldade aumenta ainda mais
na medida em que mais significativas/importantes essas pessoas são para mim!
Talvez
porque me tenha sido ensinado, ou entendi assim, que “amar é misturar” - misturar
nossas vidas, destinos, idéias, sonhos, sentimentos...
Que amar é tentar viver, por amor, a vida dos outros. Tentar
livrá-los de erros, perdas, penas, descaminhos... Acreditava que precisava
invadi-los, sem limites, para tentar protegê-los, para melhor cuidá-los... ou
me sentiria culpada se falhasse! Também tinha medo de lhes negar qualquer
coisa, de dizer não, de fazer respeitar meus limites, minhas possibilidades,
meus gostos, - e assim lhes desagradar, decepcionar suas expectativas... E se
não mais me valorizassem? E se me amassem menos? E se me preterissem? E se me
abandonassem?...
Hoje começo
a entender que estabelecer um limite entre as pessoas, mesmo as mais queridas,
é apenas respeitar sua alteridade, suas características diferentes de seres únicos
que são, com destinos e possibilidades próprias. E para isso, começo a entender
que cada um precisa ser respeitado em suas escolhas (mesmo as que não nos
parecem boas) porque delas é que recolherão um aprendizado.
Não tenho o direito de impedir esse processo natural, que é o
próprio sentido da vida, assim como, mesmo em nome do amor, não posso permitir
que queiram dirigir meu caminhar e invadam o espaço que necessito para ser quem
Sou.
Entendi
tudo isso! Já é um começo! Mas ainda tenho muita dificuldade de estabelecer
alguns desses limites, em algumas de minhas relações! Ainda prevalecem alguns
daqueles medos... Medo da reação zangada/agressiva dos “mal acostumados”, medo da
insistência e manipulação dos invasivos, medo da dor do outro que, sem
entender, talvez se sinta rejeitado...
Preciso
estar atenta e paciente comigo mesma e em minhas relações. Mudanças em crenças,
pensamentos, sentimentos e atitudes são difíceis e vagarosas. Preciso compartilhar essas dificuldades tão
humanas, para “desencantá-las”, tirar-lhes poder, deixá-las sair... Preciso
aprender (e exercitar) a me comunicar com honestidade. Preciso dizer de minhas
necessidades e prioridades, preciso dar voz a mim e ouvir os outros, preciso dizer
da importância para nossa relação de respeitarmos nossos limites. Preciso
exercitar, um dia de cada vez, a cada momento, o auto-respeito e o respeito aos
outros, estabelecendo e honrando os meus limites.
O Respeito é
a face primeira do Amor e é o alicerce para a construção do Auto Amor.