Parece tão perto, mas como é longo esse trajeto!
Quando procurei manter-me atenta a mim mesma, permitindo-me “auscultar”
meus sentimentos, fui descobrindo raivas, mágoas, decepções, culpas,
vergonhas... e quando fui confrontando alguns fatos e atitudes em minha vida de
relação, acreditei serem as pessoas da minha vida as culpadas, as responsáveis,
pelos meus sentimentos e atitudes, pelo que me fizeram ou pelo que eu esperara
delas.
Hoje sei que sou a única
responsável pelos meus pensamentos, pelas minhas expectativas e pelos meus
sentimentos decorrentes! Consigo assim, cada vez mais, entender o que se passou
em minha vida interior e nas minhas relações. (P8) Minha mente já entende que
esses sentimentos tão doídos foram criados por mim mesma. Agora só falta me
libertar desses sentimentos presentes e recorrentes. Mas, como? Como liberar-me
deles? Como “desentocá-los” dos porões escondidos de mim?
Entendo que preciso trazê-los à
luz, tirar-lhes o poder daquilo que é amordaçado, disfarçado, negado... Já consigo “ver” alguns deles! (4P) Já consigo falar deles com meu Deus
Amoroso, mas essa fala honesta comigo mesma e com Deus ainda é escondidinha, é
o nosso segredo... Preciso ir além,
compartilhá-los com Outros, assumir esses aspectos de minha humanidade,
diluí-los à luz da honestidade (5P)... Preciso prosseguir do entendimento, da
minha mente ao meu coração, que, com aceitação, com amor, tudo perdoa e
dissolve, preparando-me para a mudança e a transformação.
Por que hesito ainda tanto? Por
que ainda vejo tão pouco de mim e falo ainda menos? O que me impede de liberar
sentimentos renitentes, enraizados, que só me atrasam o caminhar? O que me
impede de aprofundar o 4º e 5º passos?
Acredito que são alguns “defeitos
de caráter”, bem mais difíceis de ver, como orgulho e vaidade. Não quero me
revelar tanto porque isso “machuca” a minha imagem, imagem criada por mim, para
mim e para o mundo! Pressinto que meu ego ainda não está pronto para abrir mão
dessa imagem melhorada que criei para ter
a aprovação do mundo, nos critérios do mundo. Ainda guardo o foco externo mais
forte do que gostaria, ainda sou mais dependente dessa valorização externa do
que acreditava! Ainda tenho medo de alguns julgamentos... Não quero revelar
minhas escolhas tolas e arrogantes, quando me achava tão especial. E minhas
expectativas irreais, porque acreditava que eu merecia mais! E minha raiva e
vergonha de por não me tratarem como eu, orgulhosamente, achava que deviam! Por eu não ser quem eu achava que
era...
A caminhada com os Passos é isso!
É o caminho do Ego, da mente, ao Coração. Auto descoberta, cada vez mais
interior das dificuldades doídas que nos sinalizam zonas aprisionadas, clamando
para serem reconhecidas, aceitas e aos poucos libertadas. Não é um trajeto
doloroso, ainda que longo. É um trajeto para ser feito com honestidade para não
nos perdermos em atalhos sem saída... É um trajeto para ser feito com
curiosidade, aceitação, humildade, compaixão, ternura, paciência... com a
alegria de Ser e Estar cada vez mais
leves...