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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A MINHA PARTE


           Por mais que me doam as injustiças, a violência, o mal, a insa nidade do Mundo... e por mais que eu queira tudo tão diferente do que vejo de absurdo e errado, eu não tenho o poder de modificá-lo!  E não adianta julgar, culpar, acusar, desprezar... não adianta tentar convencer, levantar bandeiras, militar, se engajar nas lutas pela modificação dos outros...O caminhar de cada um de nós é único e o caminhar do Mundo reflete esses nossos passos, as nossas escolhas.

            Em todo esse contexto, hoje tão confuso, egoísta e materialista, eu me assusto, sofro, busco com agonia sobreviver e até ser feliz, mas, na verdade, o que me cabe é tentar fazer, sempre da melhor maneira- a minha parte!

           Se a violência me assusta, preciso usar meu bom senso e cuidado nas relações com o mundo, tentar apaziguar meu coração e não me deixar envolver pela raiva e pelo ódio para o revide, que eterniza a luta – essa é a minha parte!

           Se a injustiça e a mentira me indignam, quero estar atenta às minhas atitudes para não cair na acomodação e no cinismo de me desculpar ou tudo desculpar achando que na vida, no mundo, “é assim mesmo”... Se todos mentem, países e pessoas, preciso estar atenta à Verdade em minha vida, em minhas atitudes, em minhas palavras, no olhar para mim mesma - ter Honestidade comigo - essa é a minha parte!

            Se a fome, a miséria, as doenças, os abusos com os mais fracos... grassam no mundo e à minha volta, se me sinto com raiva, triste, deprimida, impotente para mudar tudo e todos, preciso ser mais humilde e objetiva e Eu ajudar no que Eu posso, da maneira que Eu puder- essa é a minha parte!
            Se me sinto abusada, maltratada, incomodada, por pessoas agressivas, competitivas e invasivas, pessoas que eu não posso modificar, preciso ser assertiva com elas e respeitosa comigo – essa é a minha parte!
            Se tudo e todos se perdem numa materialidade agressiva e agoniada, numa busca frenética e desesperada por mais e mais coisas, sensações, prazeres, saberes, que não os preenchem como seres espirituais que são, preciso observar e buscar a suficiência e o meu equilíbrio entre o material e o espiritual em minha vida – essa é a minha parte!

            Se me incomoda e irrita o egoísmo das pessoas, seu orgulho, sua arrogância, vaidade e prepotência em quererem dar ordens, instruções, em justificarem ser controladoras porque sabem mais, são melhores, mais merecedoras... Preciso estar atenta às minhas próprias atitudes nesse sentido – essa é a minha parte!

            Se me mantiver, com humildade, atenta a mim, se não tiver a pretensão e presunção de querer julgar e modificar o mundo, estarei descobrindo, a todo momento, em todas as questões, como posso efetivamente fazer a minha parte! O que for conseguindo, será muito gratificante para mim e fará esse Mundo um pouquinho menos confuso, agressivo, desonesto...

            E estar repetindo isso para mim mesma é, também, fazer a minha parte!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

RESPONSABILIDADE


           Foi-nos repassada a crença  absurda, irreal, ideal, de que somos responsáveis pelas escolhas, pelas decisões e pela felicidade das pessoas, principalmente daquelas que amamos.   Em consequência, acreditamos que temos o poder e o dever de controlar seus pensamentos, sentimentos e atitudes, sempre que acharmos necessário, quando entendermos que estão tomando rumos “errados” ou quando possam estar afastando-se de nós. Nós os acusamos , tantas vezes,  de irresponsáveis, quando, na verdade, nós assumimos as suas responsabilidades, invadimos  suas vidas... ainda que com sua aquiescência!

            Por tudo isso, por tantas “responsabilidades” com a vida dos outros, simplesmente nos tornamos irresponsáveis com a nossa própria vida e culpamos tudo e todos por nossa infelicidade!  Preciso entender que tenho responsabilidade no trato com a natureza, animais e pessoas( principalmente com as mais dependentes - crianças, idosos, adoecidos...)  Nesse trato, preciso ser verdadeira, gentil, amiga, solidária, respeitosa... no modo como estou e como compartilho nossos espaços. Com você, sou responsável por não agredir ou dificultar seu caminhar, por não humilhar, não abandonar...  Mas não sou responsável por você!

            Sou, sim, a única responsável pelo meu caminhar. Não posso delegar, jamais, essa responsabilidade aos outros (quaisquer outros), à vida ou acusar Deus de não ser cuidadoso comigo. Sou responsável por minhas escolhas, por minhas atitudes, pela honestidade com que me vejo, pelo modo atento e cuidadoso como me trato, por guardar meu espaço com lealdade e respeito a mim, por demonstrar aos outros como aceito ser tratada em qualquer relação.  Cuidar de mim, modificar-me para melhor, para ser mais livre... essa é a minha responsabilidade  primeira. 

            Cada um é depositário e portador da Centelha de uma Luz Maior e pelo cuidado comigoEu sou responsável!

domingo, 19 de outubro de 2014

ASSERTIVIDADE


       É a “arte”, a atitude, de descobrir, estabelecer, comunicar e honrar os meus limites. Por é tão difícil? Por que, quase nunca, sequer tentamos? Por que nos assustamos e nos ofendemos quando alguém é assertivo conosco em nossas relações?
Entendo que é porque acreditamos que não é certo, não é delicado, não é o esperado! Porque podemos magoar, zangar, afastar... as pessoas! E se elas nos deixarem? E se elas se decepcionarem conosco? E se elas deixarem de nos valorizar e amar?!

         Aprendemos que deveríamos “aceitar” ou, pelo menos, “engolir” situações, quaisquer situações, mesmo de abuso, para sermos aceitos, queridos...para não perdermos o controle das pessoas e das situações, pela “paz”, pela continuação da relação.

Acreditamos que para amar e sermos amados (pais, filhos, amigos, companheiros...) deveríamos misturar vidas, opiniões, opções, espaços, sentimentos, crenças, ideias... Deveríamos nos unir numa só pessoa/grupo, nos adequarmos aos desejos de cada um e caminharmos pelos caminhos uns dos outros. Aprendemos a olhar para/pelos outros, para agradá-los, cuidá-los... antes e em lugar de nos ver, nos entender e cuidarmos de nós mesmos! Parece bonito, mas é incoerente, antinatural – não dá certo! Vivemos prisioneiros do medo da perda!
           
E que tola pretensão querer entender e cuidar dos outros, quando nada sei de mim- do que sinto, das minhas necessidades tão abafadas, mascaradas, disfarçadas de mim mesma! Como ser/estar verdadeira e serena, com meu interior irritado, magoado, ressentido, de tanto “engolir sapos”...
 Como respeitar os outros, se não me respeito?  E submetendo-me, acabo tentando submeter os outros pelas mesmas armas de segredos, mentiras, manipulações...  Vendendo, muitas vezes, a imagem de pobre vítima amante da paz, lançando culpas...

Como ter relações verdadeiras se me relaciono apenas através do que mostro e não do que sinto? Temos muito medo da Verdade – de dizer ou de ouvir!  E de tudo que sacrificamos e a que nos submetemos por esse medo, nos resta a triste constatação que estamos cada vez mais afastados e ressentidos...
           
Para ser assertivo preciso me dedicar ao exercício de conviver com as minhas “verdades”, perder o medo de me ver e escutar, aprender a ser honesta comigo mesma – aprender a sentir os meus limites a cada momento, em cada situação.  Esse contato contínuo e verdadeiro vai revelando-me o que sou, como estou, o que quero, o que posso, o que não quero, o que não posso... Esse “descobrir de mim” vai criando uma intimidade amorosa que me leva a me valorizar, a vencer o medo de ser quem sou , a querer me respeitar,  a querer me revelar...

Preciso dizer de mim! Preciso ser leal a mim e, com a mesma honestidade que usei comigo, preciso comunicar aos outros quais são os meus limites, minhas possibilidades e disponibilidades na relação. Estou então estabelecendo e, corajosamente, honrando os limites do respeito a mim e à minha vida. É uma alegria poder “ver” meu próprio crescimento a cada momento que consigo ser assertiva, porque descubro que estou aprendendo a me valorizar, a me amar, a cuidar de mim... Amo as pessoas, mas “Que comece por mim”

Ser assertivo é aprender a viver com a Verdade, um princípio espiritual... É nos libertarmos dos medos que nos apequenam...  

E cada vez entenderemos melhor o que nos foi prometido:

...E a Verdade vos libertará!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

OPINIÕES


            As opiniões exprimem nossa apreciação sobre qualquer assunto – naquele momento!

Somos seres vivos, portanto, seres em aberto, flexíveis, mutantes, mutáveis, em constante transformação... e nossas opiniões, reflexos do nosso pensamento, precisam ser coerentes com o que somos e atestar que estamos vivos – em movimento –  de olhar e escuta com amplitude, retificando-as  ou ratificando-as, mas certamente enriquecendo-as com novos aspectos apreendidos.

Quando dizemos ou pensamos: “Já tenho uma opinião formada...” apenas dizemos que estamos fechados, teimosos, congelados em nosso orgulho e enrijecidos naquele pensar, tantas vezes herdado ou manipulado!

De qualquer forma, as opiniões são um “instantâneo” de cada um de nós e por isso precisam ser respeitadas. Não devem ser discutidas, ironizadas, comparadas, disputadas – qual a melhor, a mais certa, a mais honesta... Não devem ser transformadas em munição para o convencimento, em uma disputa que só nos afasta, só nos enrijece em nossas posições de ataque/defesa, cada vez mais prisioneiros de nossos egos.

Numa visão maravilhosamente promissora de crescimento, num contexto de humildade, igualdade e cooperação, buscando, com gentileza e abertura, a solução de propósitos em comum, podemos desfrutar da experiência extremamente enriquecedora de compartilhar opiniões.  Nesse contexto, cada um por sua vez colaborando com suas opiniões, escutando com mente aberta, podendo refletir e enriquecer ideias, temos a oportunidade de nos sentir “pertencendo” e coautores de nossas soluções.

Minha opinião, sozinha ou uni/direcionada, mesmo quando bem embasada, fica empobrecida nesse meu olhar “caolho”. A troca, não a disputa, é que pode nos enriquecer e nos fazer sentir participantes de uma Consciência maior e melhor. A discussão fere, agride e nos mantém entrincheirados em nossas razões e opiniões. O Compartilhar, ao contrário, nos enriquece e aproxima .

 Mas, se não for, ainda, possível essa troca inteligente e generosa, que cada um fique com a sua opinião – sem disputa, com respeito.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

ESCOLHAS


          São nossas primeiras e eternas manifestações de individualidade e responsabilidade na Vida. Escolhemos, ainda que inconscientes, ser bebês mansos, manhosos, rebeldes... Nossas escolhas, quaisquer escolhas, vão construindo nossos destinos. Não importa os caminhos tomados, eles foram nossas escolhas! Não importa tudo que nos ensinaram, se acreditamos ou contestamos, foi nossa escolha! Até o que fomos “obrigados a engolir”, a fazer ou não fazer... foi nossa escolha como reagimos a tudo aquilo! E tudo que nos foi passado como verdade desde que nascemos, é de nossa escolha continuar acreditando ou não! Mesmo quando subjugados pela força (física, afetiva, econômica, psicológica), ainda assim é de nossa escolha como lidaremos com o que a realidade nos apresentar. Mesmo quando resolvemos não fazer escolhas, quando delegamos nosso direito a outros, isto também é uma escolha.

            Esse é o livre arbítrio que um Poder Superior Amoroso Sábio nos legou. Podemos tudo, somos livres para qualquer escolha – e, junto, nos é deixada a responsabilidade, a oportunidade de aprendizado, com as consequências de nossas escolhas nas relações afetivas, religiosas, políticas, sociais... Esse é o propósito maior de nossa vida!

            No entanto, nos foi ensinado que o Mundo é que seria “culpado” por nossa felicidade ou infelicidade! Por isso culpamos os amores, parentes, amigos, inimigos, os religiosos, os políticos, a sociedade... por nossas dificuldades, sem pensarmos em nossas próprias escolhas, tirando de nós a responsabilidade por nossas escolhas anteriores.     E nos enganamos muitas vezes quanto ao que nos motiva em nossas escolhas. Gostamos de fantasiá-las de “pelo bem dos outros” quando, tantas vezes, estamos resguardando nossos privilégios, nosso poder, nosso medo das consequências de caminhos mais trabalhosos ou que nos exporiam mais às criticas do mundo.

            Por respeito, não devo forçar, manipular ou tentar convencer os mais dependentes, os mais confusos, aqueles que ainda não sabem de seu próprio poder de escolha. É covardia, abuso, prepotência, arrogância, presunção, desrespeito... mesmo quando em nome do “bem” ou do “cuidado”!  Não quero, tão pouco, ser manipulada ou “forçada” em minhas escolhas. Não quero abrir mão de minha liberdade e responsabilidade de escolha, não quero abrir mão de ser quem sou. Essa é a minha vida!   


sábado, 4 de outubro de 2014

DELEGAR


            Por que nos sobrecarregamos tanto? 
Vivemos num queixume, pensado ou falado:  “Tudo acaba por arrebentar em minhas costas! Mas, se eu não fizer, quem fará? E, de que jeito farão?”  Quantas vezes nos sentimos assim? Abafados, desgastados, magoados pelo descaso dos outros, pelo não reconhecimento do nosso esforço, pelas cobranças injustas, pelo abuso, pelos elogios manipuladores dos mal acostumados...

            Hoje começo a ver que somos os únicos responsáveis por nossos papéis nas relações em Família, no Trabalho... papéis de vítimas exploradas ou sobrecarregadas. Preciso aprender a desapegar do poder, do controle; preciso aprender a DELEGAR!

            É um difícil aprendizado porque requer que abra mão do poder de ser quem faz tudo, quem decide tudo e do modo que me pareça melhor. É abrir mão da pretensão de ser a que pode “salvar” familiares, amigos, a humanidade em geral!...É abrir mão da presunção de ser a que sabe mais e a que tem mais bom senso. Abrir mão da prepotência de exigir que seja do “meu modo”. Abrir mão da vaidade de ser incensada, mais valorizada... mesmo que como “pobre vítima sacrificada”, esperando migalhas de amor e valor!  Estes são ganhos tortos, aos quais, infelizmente, nos acostumamos...

            Delegar, então, passa a ser um exercício de libertar-se da ansiedade de ocupar-se demais com os assuntos da vida dos outros para aprender a cuidar de você, buscando transformar-se para melhor, sua maior responsabilidade na vida. É um exercício de atenção gentil e carinhosa consigo mesmo ao respeitar seus limites físicos/psíquicos/espirituais.  É um exercício de generosidade e respeito com os Outros porque, mesmo quando “não me custa nada”, não tenho o direito de tirar-lhes a oportunidade de enfrentar e aprender com seus próprios desafios, para poderem se sentir úteis e capazes. É, também, um exercício de confiar e fazer escolhas coerentes com aptidão e possibilidades, no momento, entre pessoas e tarefas, mantendo disponibilidade para cooperar, sem críticas e sem interferências.

            Delegar, nesse sentido, é desprender-se do controle, aprender a confiar, é saber distinguir o que é meu do que é do Outro, o que eu sei do que o Outro também pode saber ou aprender. Só assim, menos sobrecarregados, mais livres,  humildes e generosos, poderemos compartilhar  serviços e saberes,  nos  valorizar e enriquecer uns aos outros.