Por que nos
sobrecarregamos tanto?
Vivemos num
queixume, pensado ou falado: “Tudo acaba
por arrebentar em minhas costas! Mas, se eu não fizer, quem fará? E, de que
jeito farão?” Quantas vezes nos sentimos
assim? Abafados, desgastados, magoados pelo descaso dos outros, pelo não
reconhecimento do nosso esforço, pelas cobranças injustas, pelo abuso, pelos
elogios manipuladores dos mal acostumados...
Hoje começo a ver que somos os
únicos responsáveis por nossos papéis nas relações em Família, no Trabalho...
papéis de vítimas exploradas ou sobrecarregadas. Preciso aprender a desapegar
do poder, do controle; preciso aprender a DELEGAR!
É um difícil aprendizado porque
requer que abra mão do poder de ser quem faz tudo, quem decide tudo e do modo
que me pareça melhor. É abrir mão da pretensão de ser a que pode “salvar”
familiares, amigos, a humanidade em geral!...É abrir mão da presunção de ser a
que sabe mais e a que tem mais bom senso. Abrir mão da prepotência de exigir
que seja do “meu modo”. Abrir mão da vaidade de ser incensada, mais
valorizada... mesmo que como “pobre vítima sacrificada”, esperando migalhas de
amor e valor! Estes são ganhos tortos,
aos quais, infelizmente, nos acostumamos...
Delegar, então, passa a ser um
exercício de libertar-se da ansiedade de ocupar-se demais com os assuntos da
vida dos outros para aprender a cuidar de você, buscando transformar-se para
melhor, sua maior responsabilidade na vida. É um exercício de atenção gentil e
carinhosa consigo mesmo ao respeitar seus limites físicos/psíquicos/espirituais.
É um exercício de generosidade e
respeito com os Outros porque, mesmo quando “não me custa nada”, não tenho o
direito de tirar-lhes a oportunidade de enfrentar e aprender com seus próprios
desafios, para poderem se sentir úteis e capazes. É, também, um exercício de confiar
e fazer escolhas coerentes com aptidão e possibilidades, no momento, entre
pessoas e tarefas, mantendo disponibilidade para cooperar, sem críticas e sem
interferências.
Delegar, nesse sentido, é
desprender-se do controle, aprender a confiar, é saber distinguir o que é meu
do que é do Outro, o que eu sei do que o Outro também pode saber ou aprender.
Só assim, menos sobrecarregados, mais livres, humildes e generosos, poderemos compartilhar serviços e saberes, nos valorizar e enriquecer uns aos outros.