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sábado, 4 de outubro de 2014

DELEGAR


            Por que nos sobrecarregamos tanto? 
Vivemos num queixume, pensado ou falado:  “Tudo acaba por arrebentar em minhas costas! Mas, se eu não fizer, quem fará? E, de que jeito farão?”  Quantas vezes nos sentimos assim? Abafados, desgastados, magoados pelo descaso dos outros, pelo não reconhecimento do nosso esforço, pelas cobranças injustas, pelo abuso, pelos elogios manipuladores dos mal acostumados...

            Hoje começo a ver que somos os únicos responsáveis por nossos papéis nas relações em Família, no Trabalho... papéis de vítimas exploradas ou sobrecarregadas. Preciso aprender a desapegar do poder, do controle; preciso aprender a DELEGAR!

            É um difícil aprendizado porque requer que abra mão do poder de ser quem faz tudo, quem decide tudo e do modo que me pareça melhor. É abrir mão da pretensão de ser a que pode “salvar” familiares, amigos, a humanidade em geral!...É abrir mão da presunção de ser a que sabe mais e a que tem mais bom senso. Abrir mão da prepotência de exigir que seja do “meu modo”. Abrir mão da vaidade de ser incensada, mais valorizada... mesmo que como “pobre vítima sacrificada”, esperando migalhas de amor e valor!  Estes são ganhos tortos, aos quais, infelizmente, nos acostumamos...

            Delegar, então, passa a ser um exercício de libertar-se da ansiedade de ocupar-se demais com os assuntos da vida dos outros para aprender a cuidar de você, buscando transformar-se para melhor, sua maior responsabilidade na vida. É um exercício de atenção gentil e carinhosa consigo mesmo ao respeitar seus limites físicos/psíquicos/espirituais.  É um exercício de generosidade e respeito com os Outros porque, mesmo quando “não me custa nada”, não tenho o direito de tirar-lhes a oportunidade de enfrentar e aprender com seus próprios desafios, para poderem se sentir úteis e capazes. É, também, um exercício de confiar e fazer escolhas coerentes com aptidão e possibilidades, no momento, entre pessoas e tarefas, mantendo disponibilidade para cooperar, sem críticas e sem interferências.

            Delegar, nesse sentido, é desprender-se do controle, aprender a confiar, é saber distinguir o que é meu do que é do Outro, o que eu sei do que o Outro também pode saber ou aprender. Só assim, menos sobrecarregados, mais livres,  humildes e generosos, poderemos compartilhar  serviços e saberes,  nos  valorizar e enriquecer uns aos outros.