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sábado, 21 de fevereiro de 2015

RESSENTIMENTO II


           É o que nos mantém congelados no tempo , em situações que classificamos de ruins e dolorosas, mas que nos negamos a deixar para trás e seguir adiante. Mantemos rigidamente a mente fechada, sem possibilidade de um “outro olhar” para esse passado, sem possibilidade de ressignificar essas situações, com o coração dolorosamente sentido, ofendido, trancado e transformado  num símbolo de nossas dores e de nosso orgulho ferido!

            A opção pelo ressentimento traduz um espanto magoado, quando nossas expectativas de valorização e afeto foram frustradas, ainda que fossem expectativas irreais e ideais. Idealizamos os objetivos que almejamos ou as pessoas que escolhemos, as que “possuímos” e que amamos. São objetos do nosso desejo, do nosso amor, das nossas expectativas. Acreditamos que são nossos e que não poderiam nos decepcionar! Nossas crenças equivocadas e nossa personalidade orgulhosa, mesmo quando sob uma máscara de humildade, nos levam a eternizar situações doídas, imperdoáveis, que remoemos pelos tempos afora, que retroalimentamos com lembranças plenas de mágoa, raiva, irritação, frustração, culpa, vergonha... Merece também atenção o ressentimento que carregamos contra nós mesmos por não termos sido o que esperavam de nós ou por tudo que queríamos ser e não fomos. Falhamos, nos culpamos e, ressentidos, não nos perdoamos.

            O Ressentimento, muitas vezes, se esconde de nós mesmos sob uma máscara de indiferença e superioridade, de racionalização dos sentimentos. Mas nesse coração fechado e equivocado se instala o azedume, a amargura, a frieza... o medo de perdoar, de tentar ou de amar e, novamente, se decepcionar!

            Esses sentimentos e ressentimentos detonam em nós comportamentos que lhe são coerentes. Passamos a nos relacionar exalando esse fel que abrigamos em nossos corações, tornamo-nos desconfiados, inseguros, defendidos, com direito de revidar ... E revidamos com ironias, ofensas, cobranças, lamúrias, manipulações, segredos, mentiras... ou com o abandono!  Acreditamos que a “culpa” de tudo é de quem nos ofendeu, nos mentiu, nos decepcionou, de quem não nos valorizou ou amou como merecíamos. Ou de nós mesmos, que fomos fracos, fracassados...

Enquanto pensarmos assim, seremos reféns da mágoa, da vergonha, da culpa e do ressentimento, quando, na verdade, tudo se originou em nosso orgulho e em nossas expectativas irreais e ideais.

Preciso rever minha história com um novo olhar e ser mais real em minhas expectativas sobre os desejos e possibilidades, de mim e das pessoas.  Preciso ir descobrindo ressentimentos escondidos de mim, que me aprisionam em eterna negação. Preciso, então, compartilhá-los, deixá-los ir saindo, perdendo a força e o poder de tanto me machucarem. Preciso aceitar o exato tamanho de quem fui e de como foram os outros, para me libertar. Preciso ser paciente, perseverante e humilde para poder me transformar e libertar... Afinal, as vítimas, os ressentidos – jamais se recuperam!

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