Parece
pequeno, escondido, “perdido e não lembrado”... Mas é tão poderoso que
aprendemos a escondê-lo para poder sobreviver. No entanto, num repente, num acaso, tropeçamos
num fio do passado que nos leva diretamente para lá – para aquele canto tão
escuro, tão doído. Somos então assaltados, avassalados, por lembranças intensas
e muito, muito, dolorosas. A emoção
nos toma por inteiro, emoções muito poderosas, lembranças “justiceiras”, que,
novamente, gritam, nos cobram, nos açoitam...
Nessa distância, e escondidas, as
dores da separação e dos erros são mais gritantes, porque não mais podemos
voltar e consertar... Voltar para tentar fazer melhor, fazer diferente... E, quanto mais vivemos, quanto mais
amadurecemos, revendo nossas performances no passado, nas relações com quem
tanto amávamos, mais terrível e dolorosa torna-se essa incursão no passado.
Nossa cabeça entende. Perdoa-nos
pelo que não era entendido, pelo que não enxergávamos, pelas nossas fraquezas e
nossas falhas... Mas nosso coração,
muitas vezes, não quer ouvir, entender, perdoar, aceitar... Mantém-se, e nos
mantem, prisioneiros de uma dor imperdoável, pela vida, por nós mesmos... Esse
passado que nos assombra, mesmo escondido, está sempre vivo, ele é
atemporal... Acredito que é por isso
que, para sobreviver, para continuar e tentar viver, acabamos por guardá-lo nesse
canto, bem escondidinho, mas sempre vivo
e ameaçador.