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domingo, 8 de novembro de 2015

DISTÂNCIAS




          Aprendemos a amar ligados, “plugados”, sem limites, “juntos e misturados”, sem espaços, sem distâncias... como um só “bloco de amor”. Não admitimos distâncias físicas ou afetivas. Sentimos uma necessidade que não se esgota de estarmos bem juntos. Temos muito medo de nos afastarmos e nos perdermos uns dos outros!  Tornamo-nos atentos e controladores, possessivos e ciumentos dos nossos “objetos” tão amados. – nossos pais, nossos filhos, nossos companheiros...  E reagimos às mudanças, aos elementos novos, a quaisquer novas situações que “ameacem” nossa união!

            Mas a Vida parece não acreditar nisso e nos empurra para  longe, e/ou até muito mais longe, criando os espaços necessários para crescermos. O filho que nasce, depois desmama, vai para a escola, para o trabalho, escolhe outras companhias, forma uma outra família ou aquele que viaja e se transfere para muito longe... E os nossos amados que são chamados para uma outra dimensão...  Todos, cada vez mais longe... 

            A Vida vai, naturalmente, nos “desplugando” para que possamos  aprender a “Viver e Deixar Viver”, para nos deixar descobrir nossos dons únicos, nossas potencialidades, nossas possibilidades...e deixar e que os outros também se descubram. Para podermos ir escrevendo, de modo particular, a nossa história. Precisamos de espaço para aprendermos a “dançar” na vida,  criando e  adequando nossos próprios passos e respeitando os ritmos uns dos outros.

            Mas como é doído, e ainda tão difícil, amar desligado, deixando um espaço cada vez mais claro e respeitoso entre nós e aqueles que amamos!    Ainda queremos ter notícias a toda hora, se possível em tempo real! E usamos de toda tecnologia para nos mantermos juntos (celulares, fotos, vídeos...) e de tantos pretextos para estar na vida e no espaço do outro ( “ajudar”, orientar, precisar...)  E é mais doído e difícil ainda, quando a vida nos distancia radicalmente, fisicamente, definitivamente( nessa passagem) ... Aqueles que amamos ficam incomunicáveis (!?),  estão inacessíveis ao nosso toque, aos nossos olhos... E suplicamos em prece muda :“Eu só queria saber, como vai você!”

            Ainda temos muita dificuldade de estar fisicamente distantes. E de estarmos sós!  Mas como lembrou o poeta, o Amor precisa de espaço, de uma distância entre nós para que realmente exista, cresça e floresça. Precisamos de uma generosa e gentil distância para sermos de verdade quem somos, para enxergarmos, aprendermos e respeitarmos quem o outro é. O Amor não pode ser esmagado e sufocado pela posse e pelo medo da perda. O Amor precisa da distância pedida e medida pelo Respeito para poder ser uma ponte entre nós. 

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