Aprendemos a
amar ligados, “plugados”, sem limites, “juntos e misturados”, sem espaços, sem
distâncias... como um só “bloco de amor”. Não admitimos distâncias físicas ou
afetivas. Sentimos uma necessidade que não se esgota de estarmos bem juntos. Temos
muito medo de nos afastarmos e nos perdermos uns dos outros! Tornamo-nos atentos e controladores,
possessivos e ciumentos dos nossos “objetos” tão amados. – nossos pais, nossos
filhos, nossos companheiros... E reagimos
às mudanças, aos elementos novos, a quaisquer novas situações que “ameacem”
nossa união!
Mas a Vida parece não acreditar
nisso e nos empurra para longe, e/ou até
muito mais longe, criando os espaços necessários para crescermos. O filho que
nasce, depois desmama, vai para a escola, para o trabalho, escolhe outras
companhias, forma uma outra família ou aquele que viaja e se transfere para
muito longe... E os nossos amados que são chamados para uma outra dimensão... Todos, cada vez mais longe...
A Vida vai, naturalmente, nos
“desplugando” para que possamos aprender
a “Viver e Deixar Viver”, para nos
deixar descobrir nossos dons únicos, nossas potencialidades, nossas
possibilidades...e deixar e que os outros também se descubram. Para podermos ir
escrevendo, de modo particular, a nossa história. Precisamos de espaço para
aprendermos a “dançar” na vida, criando
e adequando nossos próprios passos e respeitando
os ritmos uns dos outros.
Mas como é doído, e ainda tão
difícil, amar desligado, deixando um espaço cada vez mais claro e respeitoso
entre nós e aqueles que amamos! Ainda queremos ter notícias a toda hora, se
possível em tempo real! E usamos de toda tecnologia para nos mantermos juntos
(celulares, fotos, vídeos...) e de tantos pretextos para estar na vida e no
espaço do outro ( “ajudar”, orientar, precisar...) E é mais doído e difícil ainda, quando a vida
nos distancia radicalmente, fisicamente, definitivamente( nessa passagem) ...
Aqueles que amamos ficam incomunicáveis (!?),
estão inacessíveis ao nosso toque, aos nossos olhos... E suplicamos em
prece muda :“Eu só queria saber, como vai você!”
Ainda temos muita dificuldade de
estar fisicamente distantes. E de estarmos sós! Mas como lembrou o poeta, o Amor precisa de
espaço, de uma distância entre nós para que realmente exista, cresça e
floresça. Precisamos de uma generosa e gentil distância para sermos de verdade
quem somos, para enxergarmos, aprendermos e respeitarmos quem o outro é. O Amor
não pode ser esmagado e sufocado pela posse e pelo medo da perda. O Amor
precisa da distância pedida e medida pelo
Respeito para poder ser uma ponte
entre nós.
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