Temos
consciência das lembranças mais nítidas de nossa atual caminhada e as trazemos
misturadas às nossas memórias “esquecidas”, escondidas, inconscientes... Tudo
isso somos nós e tudo faz parte de nossa história, construída e “cozida” nas casas
por onde passamos. Vivemos em muitas
casas, mesmo aqueles de nós que viveram, sempre, na “mesma casa”.
Nossa primeira casa foi a Casa dos Pais, a “nossa casa”, lá onde até
bem tarde, apontamos -“lá em casa”. Lá, fomos acolhidos, nidados, amados, orientados,
cobrados... Lá, conhecemos a s crenças religiosas, as “verdades” e os valores de nossa família... Lá
aprendemos a amar e disputar com os irmãos por amor e valorização, que todos
nós tanto ansiávamos. Lá, conhecemos as primeiras ilusões, algumas desilusões,
os primeiros traumas, as primeiras regras do conviver... Tantos primeiros...
Foi lá que tudo, nessa vida, começou! Casa
que foi nosso chão, nossa base – certa ou errada! Quando nesse início, a casa dos pais foi na casa dos tios,
amigos ou dos avós, nosso início de vida ficou mais confuso em termos de hierarquia,
autoridade, orientação... mesmo com os
ganhos afetivos das grandes famílias.
Outra casa importante em nossa
infância foi a Casa dos Avós! A casa
da orientação e carinho dos mais vividos e amadurecidos. Casa de mimos, cuidados,
vontades, daqueles que nos acolhiam sem muita
preocupação com comando e
responsabilidades. Mesmo quando os avós estavam ajudando a nos criar, era
diferente! Era a casa de encontro com tios e primos... Era a “casa de biscoitos
e doces” da nossa infância, quase para todos nós, lembrada com gostosura e
carinho.
Finalmente adultos, ficamos donos da
Nossa Casa, senhores do nosso
castelo. Lá, organizamos tudo do nosso modo, criamos as nossas regras, às vezes
repetidas, às vezes rebeldes... Quando optamos por dividir nosso espaço e
responsabilidades com um companheiro, temos a oportunidade de aprender a ouvir,
a argumentar, a ceder, a decidir, respeitando nossa parceria com um Outro,
diferente de nós, que veio de uma outra
casa, com outras ideias, regras, hábitos... É um constante desafio para não nos
submeter, nem tentar submeter o outro!
Mesmo sendo uma escolha, mesmo sendo com amor, é um aprendizado muito
difícil! Nessa nossa casa de adultos, com o passar do tempo, outros poderiam
vir morar – filhos, às vezes pais idosos, irmãos... Precisamos, todos, nos adaptar às mudanças... Eles
devem ser acolhidos, amados, ouvidos, sentidos... mas os “donos da casa” somos nós! Nossa é a decisão final, num espaço onde
precisamos construir uma hierarquia
amorosa e respeitosa, sem ditaduras ou “democracias” das maiorias sem
responsabilidades na casa. Essa nossa
casa de adultos é o nosso espaço, mas - como também é difícil!
Os filhos finalmente crescem e se
vão, para construir seus próprios ninhos – a casa deles! A Casa dos filhos não é a
nossa casa, mesmo que precisemos morar com eles, mesmo quando vamos para
ajudá-los ou servi-los, mesmo que nos amem e nos acolham com todo carinho! É tão difícil e importante que entendamos
isso!!! Respeito é bom e eles gostam. Precisamos ter cuidado com palpites,
críticas e orientações! Assim também, é
a casa dos pais, depois que saímos ou
ficamos adultos. Embora guardem um
gostinho doce de nossa infância, embora os pais ainda nos queiram tratar como
crianças, ela já não é mais a nossa casa de meninos. É muito doído, mas nós é
que crescemos...
Essas são apenas algumas das casas
por onde estivemos. Casas onde fomos acolhidos, onde nos adaptamos, onde
precisamos ser criativos, onde nos tornamos responsáveis... Foi nelas que fomos
descobrindo aos poucos quem somos , o que podemos e o que não devemos. Nelas, fizemos
escolhas, tivemos que aceitar consequências...Nelas, aprendemos a amar e o valor da família... Foi nelas que crescemos!
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