Cada uma de
nossas relações foi única. Foram únicos, bons ou maus, os momentos que
vivenciamos juntos – Eu e o Outro. Deles,
ficaram vestígios... Pequenos detalhes
ou intensos traços do nosso passado, do que
se passou, de quem por nós passou. Por
onde passamos, nas relações que estabelecemos, vamos deixando vestígios de nós
mesmos nestes encontros e carregando conosco as marcas indeléveis do outro. É
uma “liga” única, que resulta do encontro de nossas unicidades, num determinado
tempo, em determinadas circunstâncias. Boa ou má, nunca haverá nada igual.
Vestígios são marcas e lembranças. Eles não morrem, não
acabam, nem com o poderoso tempo. Ficam escondidos, disfarçados, mas somos, às
vezes, confrontados com lembranças e então as marcas gritam e se revelam.
Tropeçamos no passado com o Outro de modo concreto, físico, através de objetos,
sons, lugares, cheiros, gostos... Tropeçamos com pessoas que nos remetem àquela
outra... Tropeçamos com situações que nos trazem de novo risos, choros,
raivas... Na verdade, estamos impregnados do Outro, dos muitos outros de nossos
encontros únicos. Eles passaram, mas
deixaram vestígios, maravilhosos ou ruins, de sua passagem em nós, em nossas
vidas!
Vale refletir: que vestígios dessas
relações, eternos, ainda encontramos em nosso caminhar ? E que marcas ficaram? Elas trazem um sabor
doce ou ainda conseguem machucar? São
ainda muito presentes, atuantes, influenciando nossas escolhas? Esses vestígios
se traduzem hoje em saudade, experiência e sabedoria ou nos aprisionam no medo,
ódio, ressentimento, saudade e amargura?
Sou responsável pelo modo como
alimento ou retroalimento esses vestígios do passado em mim. Eles fazem parte
do que sou e da pessoa que estou construindo a cada momento. Que esses
vestígios sejam apenas lembranças, cada vez mais distantes, que flutuam em meu
emocional, levando-me de roldão pela saudade, pela alegria ou pela dor pungente
de um passado que insiste em reviver ao me confrontar em determinados momentos.
E um cuidado especial com as marcas em mim deixadas. Não quero negá-las nem
tampouco deixar-me aprisionar por elas. Quero
reconhecê-las, acolhê-las, aceitá-las, retirar delas entendimento, crescimento,
para minha maior libertação.
Meus parceiros nessas danças e contra danças únicas foram
meus pais, meus filhos, meus amores, amigos... Cada um foi absolutamente único
para mim. Uns foram parceiros muito queridos, marcantes e especiais, outros foram
bastante desafiantes, outros ainda apenas passageiros... Mas, desses parceiros
únicos, preciso reconhecer a importância em minha vida. Fazendo-me rir ou
chorar, trazendo amor ou desafio, eles deixaram suas marcas na construção da
pessoa que sou e por tudo isso eu tenho que lhes ter gratidão.