Jamais
criamos um “calo” ao lidar com a Dor! De cada vez ela é única, mesmo quando se
repete. Agoniada, questiono: Meu Deus, de novo essa dor? Achei que já a
conhecia, pois já a havia superado em outras ocasiões. Então, saberia lidar com
ela. Mas não é assim! Quando somos avassalados pela dor emocional, ela nos
envolve, sufoca, constringe nosso peito, enfraquece o corpo... Queremos
respirar mais livres, sacudir o peso opressivo, agoniante e escuro que nos
oprime o peito, mas não conseguimos! A
dor da impotência e da tristeza é assim...
Nossos pensamentos recorrentes nos aprisionam num replay teimoso,
maldoso, que nos machuca e massacra ainda mais... até que, exaustos pela dor,
ficamos paralisados, apáticos, sem pensar... Depois, tudo recomeça!
Algumas dessas dores são causadas
por perdas que se repetem. Perdas que nos
atropelaram no passado e agora voltam a nos atingir. E quantas dessas perdas nós
permitimos que se repetissem. Nossa ansiedade em ser feliz, em nos entregarmos,
em confiarmos, é tão forte que insistimos em abandonar o senso do real e do
possível e nos entregamos a fantasias, criando expectativas irreais. Então, tudo se repete: as decepções, as
desilusões... E como doem!
Filhos, netos, familiares, amigos,
companheiros, amantes... são apenas pessoas reais, em processo... Caminham como
podem, às vezes em rotas muito tortuosas, aos tropeços, caindo, machucando, se
machucando, sem saber ou conseguir, ainda ,fazer diferente. Como dói ver os
descaminhos e as dores de quem amamos! Como dói nossa impotência ante os
tropeços e dores do Outro!
A forma que temos de ir afrouxando a
agonia que nos abafa e aperta o coração nesses momentos, é ter, antes de tudo,
aceitação, paciência e carinho com nossa dor. Precisamos nos dar um tempo para o luto dessa dor repetida,
precisamos chorar e chorar nossas ilusões mais uma vez goradas, nossos sonhos
mais uma vez desfeitos... É hora de
Soltar-se de tudo e Entregar-se a Deus. Esse Poder Superior que nos acolhe e
consola, esse Espírito Amoroso que nos habita, compreende e fortalece. Aos poucos, nosso peito vai libertando-se da
opressão de tanta dor, nosso corpo/ mente /alma vai acordando para as boas
possibilidades que a vida oferece a todos nós.
Só mais tarde poderemos analisar com calma e lucidez o
processo em que deixamos nossos anseios mais caros se transformarem em expectativas
prematuras e fantasiosas, que nos levam a repetir erros e dores.
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