Ao nascermos,
recebemos nome, sobrenome, rótulos, “camisas a vestir”, papéis a desempenhar...
todos apontando para nossas funções na família, na sociedade, na vida e nossas
funções dentro de nossos papéis aprendidos como filhos, pais, avós,
companheiros... Nossas funções nesses papéis vão modificando-se porque estamos
vivos, em constante transformação, num sistema familiar e social também vivo e
mutante.
Quando crianças, nos papéis de
filhos e netos, nossa função parece ser de sobrevivermos, garantirmos a
continuidade de nosso grupo, aprendermos seus valores e crenças, aprendermos as
habilidades necessárias à vida, atendermos às suas melhores expectativas e,
finalmente “prontos”, SAIR para o mundo!
Como pais e adultos, passamos a ter a função primordial de dar sustentação ao grupo. Procriamos, trabalhamos, aprendemos com novos desafios e Ensinamos. Damos apoio material e orientação às crianças e apoio psicológico e afetivo aos mais jovens e mais idosos. Ainda somos filhos, mas agora somos “filhos adultos”, e nossa função com as gerações anteriores é manter o vínculo com amor e respeito e , quando necessário dar suporte físico, material e afetivo. Como pais de “filhos adultos” é nossa função deixá-los Sair, por mais assustador e doloroso que seja, é então libertá-los de nosso medo e controle amoroso para que possam caminhar...
Como padrastos e madrastas, nossa função é acolher com cuidado e respeito, aqueles que nos chegam em diversas situações e idades, vindos de famílias partidas a partir de decisões de outras pessoas, seus pais. Temos a função de garantir, com honestidade e coração aberto, que, mesmo com as dores e desafios de um ninho partido, ainda assim, somos um grupo familiar que pode se conhecer, se respeitar e se amar. Nossa função é garantir base e continuidade.
Como companheiros, nossa função é acreditar e demonstrar o poder do amor na família, sendo parceiros, testemunhos, amantes e amigos nos momentos desafiadores de chegadas e partidas, de perdas e ganhos, nas transformações individuais e do sistema... É importante podermos ser companheiros até quando, honestamente, decidirmos por tomar rumos diferentes.
Como irmãos, ensinamos e aprendemos
a estar em grupos, a dividir o poder, a hierarquia, o amor... Ora protetores
uns com outros, ora rivais pelo amor e atenção dos pais, eternos parceiros e
testemunhos de nossa infância, dos tropeços na adolescência, dos segredos da família...
Nossa função como avós é de um apoio experiente, terno e acolhedor. É uma função mais “consultiva”, apenas quando formos consultados! Pode ser também um apoio material, eventual, para que filhos e netos possam crescer e caminhar mais confiantes.
Através de alguns desses papéis, modificados pelo nosso caminhar no tempo, podemos sentir a função da família como uma maravilhosa rede flexível para que seus membros possam mudar e se transformar em seus próprios papéis. Uma rede flexível o suficiente para suportar diferenças individuais e embates de seus membros. Uma rede sempre disponível para cada um nas alegrias, nas perdas, nas crises da vida. Uma rede humana e amorosa, que acolhe, onde aprendemos, ensinamos, nos transformamos, soltamos, nos libertamos... mas não nos perdemos uns dos outros.
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