Segredos nascem do medo. Medo de sermos censurados, de
sermos rejeitados, de sermos execrados, ridicularizados, prejudicados...
Fazemos segredo de pensamentos, emoções e atitudes para o mundo e, muitas
vezes, até para nós mesmos. Não queremos que outros vejam o que muitas vezes
nem mesmo nós queremos ver. São verdades não ditas, não vistas, não reveladas.
Segredos se criam pela omissão e buscam se perpetuar pelas mentiras. Tentam nos
defender da censura social, mas acabamos reféns deles.
Existem segredos em todas as nossas relações, das mais
íntimas às mais mundanas: segredos entre nações, segredos profissionais,
religiosos, políticos, segredos de amor...
Existem segredos na “vida pública” que escondem atos prejudiciais ao bem
comum ou às pessoas. Existem segredos de
Família, que atravessam gerações e tentam nos livrar do desprezo e vergonha
perante os preconceitos da sociedade. Existem os segredos dentro da Família,
entre os mais próximos e queridos, entre aqueles que mais nos assustam quanto à
sua possível rejeição. Existem segredos que afetam diretamente a vida de outras
pessoas, queridas ou não, e ao mantê-los nos posicionamos como donos do destino
do outro, roubando-lhes sua história e suas escolhas.
Segredos nascem do medo e nos mantém prisioneiros da eterna
angústia de vê-los revelados. Maquiamos a nós mesmos e à nossa história com
segredos e omissões, mas existe a necessidade de uma transparência mínima em
quaisquer relações. Quando nas relações existem muitos segredos, lacunas, elas tornam-se,
forçosamente mais superficiais, sem possibilidade de se aprofundarem, sempre
ameaçadas, num eterno suspense, que a todos tanto maltrata.
Os segredos mais íntimos são estritamente pessoais. São
aqueles que escondemos com mais cuidado na intimidade de nosso “armário”. São
aqueles mais difíceis de revelarmos porque fazem parte da máscara que fazemos
acreditar sermos nós. “Só a Verdade nos libertará”, mas só posso revelar os meus segredos e, mesmo
assim, há um tempo e um processo para
essa libertação. Revelar os segredos pessoais,
íntimos, das outras pessoas é profundamente maldoso e desrespeitoso. De modo inconsequente
e insensível, aderimos ao mau hábito social da maledicência e da “fofoca”,
quando trocamos “confidências dos outros”, revelando o que tanto tentam
esconder. Nem lembramos que isso é como desnudar alguém, deixando-o exposto ao
mundo, sem que esteja pronto para isso.
Abrir mão de nossos segredos é uma atitude pessoal,
decorrente do processo gradual de auto
descoberta, de auto aceitação e auto valorização. A intimidade amorosa e
acolhedora que resulta desse contato contínuo conosco mesmo nos fortalece,
superando a necessidade de aprovação, espantando nossos medos, fazendo-nos
caminhar, enfim, mais livres...
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