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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

SEGREDOS




      Segredos nascem do medo. Medo de sermos censurados, de sermos rejeitados, de sermos execrados, ridicularizados, prejudicados... Fazemos segredo de pensamentos, emoções e atitudes para o mundo e, muitas vezes, até para nós mesmos. Não queremos que outros vejam o que muitas vezes nem mesmo nós queremos ver. São verdades não ditas, não vistas, não reveladas. Segredos se criam pela omissão e buscam se perpetuar pelas mentiras. Tentam nos defender da censura social, mas acabamos reféns deles.

      Existem segredos em todas as nossas relações, das mais íntimas às mais mundanas: segredos entre nações, segredos profissionais, religiosos, políticos, segredos de amor...   Existem segredos na “vida pública” que escondem atos prejudiciais ao bem comum ou às pessoas.  Existem segredos de Família, que atravessam gerações e tentam nos livrar do desprezo e vergonha perante os preconceitos da sociedade. Existem os segredos dentro da Família, entre os mais próximos e queridos, entre aqueles que mais nos assustam quanto à sua possível rejeição. Existem segredos que afetam diretamente a vida de outras pessoas, queridas ou não, e ao mantê-los nos posicionamos como donos do destino do outro, roubando-lhes sua história e suas escolhas.

      Segredos nascem do medo e nos mantém prisioneiros da eterna angústia de vê-los revelados. Maquiamos a nós mesmos e à nossa história com segredos e omissões, mas existe a necessidade de uma transparência mínima em quaisquer relações. Quando nas relações existem muitos segredos, lacunas, elas tornam-se, forçosamente mais superficiais, sem possibilidade de se aprofundarem, sempre ameaçadas, num eterno suspense, que a todos tanto maltrata.

      Os segredos mais íntimos são estritamente pessoais. São aqueles que escondemos com mais cuidado na intimidade de nosso “armário”. São aqueles mais difíceis de revelarmos porque fazem parte da máscara que fazemos acreditar sermos nós. “Só a Verdade nos libertará”,  mas só posso revelar os meus segredos e, mesmo assim,  há um tempo e um processo para essa libertação.  Revelar os segredos pessoais, íntimos, das outras pessoas é profundamente maldoso e desrespeitoso. De modo inconsequente e insensível, aderimos ao mau hábito social da maledicência e da “fofoca”, quando trocamos “confidências dos outros”, revelando o que tanto tentam esconder. Nem lembramos que isso é como desnudar alguém, deixando-o exposto ao mundo, sem que esteja pronto para isso.

      Abrir mão de nossos segredos é uma atitude pessoal, decorrente do  processo gradual de auto descoberta, de auto aceitação e auto valorização. A intimidade amorosa e acolhedora que resulta desse contato contínuo conosco mesmo nos fortalece, superando a necessidade de aprovação, espantando nossos medos, fazendo-nos caminhar, enfim, mais livres...

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