Às vezes, nos
pegamos pensando... Que pena! Era um amor tão bonito! A vida era tão
maravilhosa! E havia a promessa de que seríamos felizes assim, para sempre... O
que houve com esse Amor?
Aos poucos,
devagarinho, sem que sequer pudéssemos perceber, tudo foi modificando-se,
perdendo a magia, o brilho, o frescor e, como uma flor, foi murchando...
Confusa, sem entender, ficava zangada, magoada, com o Outro, que falhara e
queimara meu sonho. Hoje, com a perspectiva do tempo e das perdas, tento
analisar de forma mais isenta o processo doloroso do desamor que nos afasta...
Acredito que,
desde o início, esse “sonho de amor”, vivido em “lindos palácios” criados por
nossa imaginação, era instável, sujeito a desmoronar, porque se baseava em
fantasias. Para nos atrairmos, para seduzirmos um ao outro, nos manipulamos, nos
colorimos, nos maquiamos, para muito além do que éramos... Criamos,
assim, expectativas irreais que nos mantinham ansiosos, lutando para que nossos sonhos se mantivessem vivos e
reais. Acreditávamos que possuíamos
aquele que amávamos e para ele seríamos para sempre sedutores, teríamos
paciência, boa vontade, generosidade, compreensão, tolerância, que
respeitaríamos seus valores e a sua humanidade... mas esquecemos de ver e dizer
que tudo isso estaria condicionado a recebermos do Outro tudo na mesma
proporção!
Foi assim o
início da comparação, da competição... Quem era o melhor? Mas vieram as
desilusões, as pequenas e constantes desilusões, porque ideais são ideais, mas
pessoas são pessoas... Os sonhos foram se transformando lentamente, dia a dia, envenenados
pela mágoa, pelos queixumes, pela impaciência e irritação, pela raiva, pelas acusações
e cobranças, pelos confrontos... Por que
o Outro estava traindo nosso ideal?
Sentíamo-nos
desconfiados, inseguros... A relação já então
foi ficando envenenada pelo mau humor, pelas reações agressivas, pela
implicância, pelas ironias que humilham, pelo desrespeito aos valores do Outro...
Cada um se sentindo ultrajado e traído, fechando-se na mente e no coração. Já
não havia possibilidade de uma comunicação pacífica em busca de um acerto. Apenas persistia viva a
luta, a competição ..Já agora, quem era o pior?. Finalmente, cansados e
desiludidos, acabam por desistir daquele Amor, já sem sal e sem doçura, murcho
e amargo. Abandonam o campo de batalha ou abandonam-se, embora muitas vezes
permaneçam juntos, “como pedras, que choram sozinhas no mesmo lugar.” Que pena!
Quanto amor desperdiçado...
Às vezes
iniciamos uma nova relação de amor, mas se estivermos baseados nos mesmos
pressupostos, é apenas uma questão de tempo para tudo se repetir e, mais uma vez,
sofrermos com a agonia do fim do amor. Sem entendermos, amargurados, acaba
sobrevindo em nós a descrença nas pessoas e no amor.
Seremos
condenados a uma solidão afetiva escolhida ou
finalmente escolheremos ver nossa relação amorosa com pessoas reais, crenças realistas, honestidade e respeito mútuo?
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