Assim como o ar, que permite a sobrevivência de nosso corpo,
a Esperança é o que nos impulsiona para Vida. Ela é uma promessa de luz em meio
às trevas que tantas vezes parecem nos aprisionar em situações de agonia e
horror. Ela mantém, ou é mantida, pela Fé, pela certeza de que a Origem Sagrada
de tudo e todos certamente nos encaminha para o florescimento de dias melhores.
A Esperança é que nutre minha alma carente de alegria. É ela
que me levanta quando tropeço e caio, quando tudo parece ser escombros dos meus
sonhos e anseios, quando o medo das perdas me sufoca, quando desanimo e
desacredito... Ela, então, me envolve como música suave, mas insistente, que me
levanta em meio à gritaria das maldades e desvios humanos, às dores maiores que
me torturam. Ela se apoia na Verdade Maior que, não importa de que forma ou
quão devagar, nós caminhamos, inexoravelmente, para a Luz!
Estou aprendendo a acolher, a lidar e a valorizar a
Esperança em mim. Como criança impaciente, só
conhecia a expectativa apressada e insistente de ver realizados meus
desejos, meus sonhos, de ver espantadas as ameaças piores, de ver concretizados
meus mitos e heróis, minhas ilusões... Não importava quanto fossem idealizadas,
desconectadas das minhas possibilidades reais, e das dos outros. Misturava
Esperança com expectativa e, quanto mais me desiludia, mais deixava morrer a
Esperança, mais mergulhava num
pessimismo amargo, magoado, escuro, cínico, sem perspectiva, raivoso,
rancoroso...
Já nada, nem ninguém, servia! Perdera a fé na vida e nas
pessoas e iniciara uma cruzada contra a Esperança, buscando sempre o pior em
todos e nas situações e destruindo sonhos e crenças, em pessoas ou dias
melhores. Buscando também reforço em outros desesperançados, negava a mim e aos
outros, qualquer possibilidade de mudança e melhoria. Outras vezes, ao contrário, me apegava aos
sonhos desfeitos, negando a realidade que não queria aceitar, tornando-me
patético arauto e defensor do absurdo.
Hoje descubro que caminhar atentos à Realidade do que somos
e podemos, não significa negar a Esperança de ver pessoas e dias melhores. O
Bem e o Mal se misturam nos homens, a Alegria e a Dor estão em nossos caminhos.
Atentos e cuidadosos com a realidade possível nesse terreno minado e lamacento
onde fomos chamados a caminhar, torna-se importante analisar, com coração e
mente abertos, os sinais de lugares mais firmes onde pisar e as companhias mais
seguras a escolher. Hoje penso: Cuidado para não vender aos outros, e aos mais
jovens, nossas descrenças e desesperanças.
Em Família, nas
Igrejas, nas Comunidades grandes ou próximas, não quero caçar e destruir mitos.
Tampouco quero criá-los, porque nossa humanidade ainda é muito frágil e
vacilante... Mas não quero destruir, principalmente, minha Fé, minha Esperança
de que, um dia de cada vez, avançaremos para o Respeito, a Compaixão, a
Justiça, a Verdade... Preciso me lembrar
a todo instante que a Esperança é Serena, Calma, sem pressa, sem expectativa...
Ela caminha com respeito à Realidade possível, mas nos traz certeza que existe algo Maior e Melhor a nos aguardar.