Não gosto de admitir (nem mesmo para mim), o quanto fujo de
mim. Fujo das minhas dores e medos e abraço qualquer oportunidade de prazer que
me traga uma eventual alegria, conforto, distração...
Fujo das lembranças que me machucam, fujo da incerteza de um
futuro que eu crio sombrio, fujo por não querer encarar desafios da minha
realidade presente. O que caracteriza essas fugas é a minha não aceitação e o
não enfrentamento das minhas questões, a minha tentativa de negá-las e
substituí-las pela busca exagerada de distrações, que me ajudem a escapar das
dores e dificuldades.
Fujo da insatisfação comigo mesma em minhas performances nas
relações, criando uma falsa imagem mais heroica, mais racional, através de
pequenas mentiras, omissões e distorções, ou então procuro desvalorizar o outro.
Fujo do medo da solidão me submetendo, e aos meus valores e meus
desejos, à pessoas em relações que não me trazem amor, valorização e alegria,
só me fazem companhia!
Fujo da frustração pelo que não tenho, invejando,
ridicularizando ou criticando aqueles que têm ou ao mau uso que fazem de seus
haveres.
Fujo da falta de sexo com gozo e gosto em minhas relações,
através da busca incessante de sexo vazio e erotismo exacerbado ou pela negação
“virtuosa e religiosa” dessa “imoralidade”.
Fujo da raiva que me invade ante situações de impotência ou
pelo o medo de me afirmar, acusando os
outros por suas agressões e invasões, que são, afinal, consentidas por mim!
Fujo do medo ou da preguiça de assumir minhas responsabilidades e atitudes
comigo mesma, com a Família, com a Comunidade, com o País... embriagando-me com
falsa e exagerada euforia em grandes e continuadas festas, shows, carnavais,
baladas...
Fujo das pequenas ou grandes insatisfações, que roubam a
graça e o sentido da minha vida, anestesiando-me com o abuso de coisas prazerosas que o mundo exterior me oferece:
dinheiro, poder, status, comida, viagens, igrejas, TV, celulares... Ou através
dos químicos, lícitos ou ilícitos, que rapidamente me trazem euforia,
“alegria”, “coragem”, “brilhantismo”, esquecimento, enfim, do que sou, do que
posso... Fujo, fujo, de tantas outras
formas, de tantos aspectos de mim......
Mas, até quando continuarei fugindo, “gastando” vida, mantendo-me
distante das melhores possibilidades da incrível pessoa única que Sou?
Somente quando parar de fugir para poder olhar com carinho e honestidade para mim e minhas questões, poderei descobrir o quanto de força, coragem, criatividade, alegria... existem em mim! E toda essa herança de Luz, tão guardada, escondida, esquecida, poderá afastar os fantasmas que tanto temo e de que tanto fujo!
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