Ela não acaba. A
perda passou, mas a dor não acabou! Às
vezes pensamos que, finalmente, passou, adormeceu! Então, com o mesmo cuidado
que temos para não acordar uma criancinha de sono muito leve, ficamos muito
cuidadosos e com atenção para não acordar essa Dor. Silêncio! Procuramos distrações, para não
despertar essa dor que não acaba. Atenção para não lembrar, não relembrar,
porque, se essa dor acordar, liberamos, num grito rascante, todo o horror que
está abafado, contido, sufocado, dentro de nós.
E é tão frágil esse “equilíbrio” a que nos impomos! Num
repente, uma música, um doce, uma comidinha, um filme... Um texto ou uma história compartilhada, logo
tão reconhecida, quaisquer detalhes do
dia, acordam a agonia dessa Dor dentro de nós! Sobrevêm, gritando, as boas
lembranças do que ficou perdido, atropeladas pela mágoa das lembranças ruins,
dos momentos mais difíceis. Somos
subjugados pelas recordações, pela nostalgia e pela tristeza, na melhor das
hipóteses, mas, sobretudo, pela mágoa, pela raiva, pelas culpas, pelo
ressentimento com a vida, pelo antigo desespero! Como tudo revive tão forte!
Pensei que havia superado questões de merecimento, castigo,
comparações de destino... Questões de fracasso, da vida, de Deus, mas nesses
momentos de “rasteira” dessa Dor, tudo volta de forma revolta, confusa, e apenas
muito, muito, doída! Racionalmente já entendi, aceitei, continuei... Mas em meu
coração preciso de mais tempo, na verdade de um tempo que parece não tem fim.
Hoje, nesse momento em que algo me arremessou ao passado e à
Dor, precisei parar e chorar. Depois, conversei com minha dor, nós nos explicamos,
e aos poucos fomos aquietando-nos, pelo
menos até um novo momento de caída no passado, até uma nova “mordida” nesse
nervo, para sempre exposto, em minha alma.
Mas estou aprendendo. Volte para
o Agora! Ocupe-se com o Agora! Segure-se
em Deus, porque Ele vive no Agora! E então, mais sacudida e renovada, viva
melhor esse Agora. É o que podemos!
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