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sexta-feira, 8 de junho de 2018

DAR E RECEBER CARINHOS



            O correr do tempo, com constantes amuos, pequenas e grandes mágoas, filhas de eternas e tolas expectativas, vão, muitas vezes, nos isolando uns dos outros, nos tornando aguerridos, defensivos afetivamente. No entanto, aos poucos,  nos sentimos carentes do calor suave e maravilhoso da ternura e do carinho. E é na relação com as pessoas mais especiais em nossa vida que essa carência se faz mais sentida e doída. É um filho “difícil”, um irmão distante, pais idosos, tristes e irritadiços e companheiros “cabreiros”, desconfiados, numa parceria amuada, até já meio falida...  Todos ficaram distantes e ressentidos por muitos ditos e não ditos... 

         Foram algumas dessas  pequenas ou grandes lutas, continuadas, que nos distanciaram, azedando nosso amor e nos levando a uma divisão interior entre o querer  e o não querer mais a  proximidade afetiva.             Já não conseguimos dar nem receber carinho daquela pessoa tão querida! Nossas relações ficaram secas... Caminhamos juntos como retirantes em solo árido!  É muito estranho e triste!

Podemos ficar analisando no resto de nossas vidas em que pedaço do caminho nós perdemos o jeito de sermos carinhosos uns com outros, mas então  descobriremos que essa secura foi apenas se instalando, enquanto nós, atentos ao controle um do Outro, em cobrar e permitir demais, nem percebemos. Tento analisar:

           Dar carinhos foi ficando cada vez mais difícil por conta de meu orgulho, de não querer ceder, de não querer parecer perder?  De minha insegurança, do meu medo de parecer boba e piegas... De minha vergonha, se não for aceita uma aproximação ? Da raiva que alimento ao ficar revivendo ocasiões negativas? Da mágoa que mantenho viva ao relembrar decepções?    Do medo de parecer frágil e deixar o outro abusar? Do ressentimento contínuo, nascido de todo esse modo de pensar, sentir e agir?
E receber carinhos? Será que ainda sei?  Será que ainda tenho abertura afetiva para “essas bobagens”? Será que sinalizo essa abertura ao outro? Será que estou muito desconfiada e insegura para aceitar seus carinhos? Será que mantenho distância e aparento frieza como forma de me defender do “perigo” de demonstrar e receber Amor nessas relações?

Mas,” Que falta que faz um carinho! Que falta que faz um xodó”! O frio e a solidão que sentimos, vamos tentando, muitas vezes, compensar com bichinhos e criancinhas, que nos amam, sem que precisemos  deles nos defender!  Quero trazer mais carinho para minha vida? Então acredito que preciso ousar mais, buscar mais coragem para reaprender a amar em relações já tão ressecadas...   Preciso ir diluindo meus medos, meu orgulho, embora  respeitando meu tempo e meu espaço... Posso ir sinalizando meu aproximar através de um tímido sorriso, um riso aberto, um toque ligeiro, um olhar cúmplice e amigo, um ouvir com atenção, mais sorrisos... até que um dia, talvez, um abraço, um afago, um carinho... 

           Esse é um desejo meu, uma necessidade minha! Preciso estar ciente de que o outro pode custar muito, ou não aceitar, mas de qualquer modo nossas relações ficarão, certamente, mais leves!

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