O assédio se caracteriza pela tentativa de usar o Outro para
satisfação das próprias necessidades, desejos, carências. É diferente da
agressão de ocasionais investidas
covardes e oportunistas, porque o assédio é de uma ação continuada,
insistente. No entanto, o que os iguala é o egoísmo, o total desrespeito ao
Outro, no uso e abuso de suas carências físicas, psicológicas, emocionais. Ele pode acontecer em qualquer relação: de
trabalho, familiar, etc. O assediador explora buscando vantagens materiais
(sexo, dinheiro, trabalho...) ou psicológicas (delegando responsabilidades,
“alugando” o emocional do outro, seus medos e fantasias, suas crenças
limitadoras...) Para isso ele adula, manipula, mente, se insinua, oprime,
amedronta, insiste...
Toda essa ação nos indigna, nos queixamos, nos
magoamos, brigamos, ofendemos e, às vezes, até denunciamos, mas precisamos
antes, honestamente, reconhecê-la em cada uma de nossas relações e entender
qual nosso papel. Cabem perguntas a nós
mesmos: Que atitudes
minhas configuram meu consentimento aos
insistentes assédios que sofro, principalmente em família, mesmo “por
amor”? Por que permiti, ou ainda permito,
essas formas de assédio comigo? O que quero ou espero “ganhar” em troca? Às
vezes mudo até de abusador, mas permaneço vítima, abusada e assediada!
Por que? É o medo de enfrentar reações e precisar sair de
nossa zona de “desconforto” já conhecida? É o medo de perder o controle sobre o
Outro, controle que, na verdade, nunca tivemos? É o medo da rejeição, de ser
abandonado, de ser preterido, de ser menos valorizado e amado? É uma culpa absurda
por não ser tão boa e perfeita quanto acreditava que devia ser? É o medo de
descobrir quem sou, de ousar ver até onde posso ir?
Como é difícil
cortar abusos, não me deixar assediar, estabelecer limites aos outros e ao
mundo, quando ainda me vejo tão carente e dependente de aprovação e de amor !
Mas permanecer vítima não nos traz ganhos, só sacrifícios, humilhação, raiva,
vergonha, auto rejeição, auto imagem baixa... Olhar para nós mesmos, reconhecer
nossas motivações, nossos medos, nossa
inércia, nossas crenças limitadoras, nossos sentimentos e nossas atitudes de cumplicidade, nos tornará Conscientes de que somos os únicos
responsáveis por nós mesmos, pelo modo como nos tratam, pelo modo como nos
relacionamos conosco mesmos e com os outros. A cada situação de assédio ou
abuso reconhecido, não vou culpar o assediador!
Eu é que preciso cuidar de mim! Um dia de cada vez, com paciência, firmeza
e carinho, iremos construindo a Coragem para mudar!
Em tempo, também cabe a pergunta: Sou só assediado ou também
sou um assediador em outras relações?
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