Quem está voltando? De onde? Por que se foi? Quanta dor até
a separação! Quantos desacertos até esse
desfecho tão doído, mas que se fez finalmente necessário! De onde ele chega? Do
mundo, da rua, de uma clínica? Não importa! Todos (familiares e adictos) temos
agora a oportunidade de um Novo começo!!
Não um recomeço, não uma relação “requentada”, sem
gosto, viciada...!
Quando ele se foi, quando nos separamos, após tanta luta,
tanto desencontro, tanto desespero, vivemos sentimentos intensamente confusos e contraditórios: alívio, descanso,
porque já não aguentávamos mais e muita culpa por tudo ser dessa forma, por
nossa incompetência em não conseguirmos “salvar” o adicto. E agora, um sonho,
transformado em expectativa agoniada de que, agora, modificado pela dor, ele
ficará “curado”!
Um tempo se passou e agora ele vai voltar! Os sentimentos
parecem ainda mais intensos e confusos! Alegria por rever quem amamos, mas abafada,
até fisicamente, pelas terríveis lembranças de um passado amargo, pela amargura
dos ideais perdidos... e pelo medo, que antecipa problemas, de vê-lo recair em
velhos padrões. E se...
Hoje vejo que cabe mais uma pergunta. Para onde ele está
voltando? Para quem ele está voltando? Tão perturbada eu estava, focando
desesperada nas mudanças do Outro, que não percebia o quanto também fazíamos
parte daquela relação. Ele estava voltando para aquela mesma velha família, aquela mesma relação com crenças, emoções
e comportamentos iguais e tão
disfuncionais? Será que já percebi que é muito difícil alguém mudar sozinho,
quando tudo à sua volta permanece igual? Percebi que enquanto o observo, mesmo
disfarçadamente, jogo toda uma expectativa angustiante sobre ele? Percebi que
ele é uma pessoa com dificuldades e desafios próprios, que precisa descobrir
sua própria força, que precisa amadurecer, crescer...? Que não pode ser
diminuído por facilitações, humilhado por manipulações..?. Que precisa da força
amorosa de uma relação gentil, honesta, respeitosa?
Será que estou pronta para essa nova relação? Toda a dor o
desafios que enfrentamos pode ter nos preparado para uma nova fase de
amadurecimento. Preciso aprender a amar com respeito – a mim e a ele. A Amar sem segurar, sem prender. Quero ter uma
parceria saudável, refletir minha auto responsabilidade – cuidar de mim - e deixar
que ele aprenda a se cuidar!.
Aprender a amar de
modo mais respeitoso e maduro é muito difícil! Afinal aprendemos a amar
possessivamente ou dependentes uns dos outros e a não nos responsabilizarmos
por nós mesmos. Precisamos -Todos- de apoio nesse aprendizado. Precisamos
buscar esse aprendizado nos grupos daqueles que também buscam Ser com Verdade e
Amar sem medo.
Voltar para a mesma velha familia, que não muda e exige tantas mudanças!
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