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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mágoa


A culpa nasce da crença numa “Missão Impossível” de não falharmos jamais. A mágoa tem a mesma origem, só que agora esperamos o Impossível dos Outros. Quando investimos sonhos, idealizações, esperança, expectativas, em alguém que não pensa, sente ou age como “deveria”, nos frustramos e decepcionamos. Quanto mais altas as esperanças e expectativas maior o tombo; quanto mais intenso o investimento afetivo maior a dor, a mágoa... e a cobrança(explícita ou não). Sentimo-nos magoados porque demos tanto e recebemos tão pouco. Cobramos dos outros, da Vida, de Deus “a culpa” por frustrarem nossos sonhos, nossos esforços. Sofremos com tanta ingratidão, desconsideração. Nos relacionamos “com amor” num eterno jogo de Toma lá/da cá, - Eu dou/você me dá. Eu sonho - você me atende (porque você sonha e eu acho que atendo seus sonhos!). Não paramos para ouvir o que os outros desejam e se podemos atendê-los, nem tão pouco para pensar na possível incapacidade deles nos atenderem; não admitimos seus sonhos e desejos diferentes...
Podemos ficar eternamente magoados, ressentidos, vítimas encalhadas na vida, repetindo para nós mesmos a mesma cantilena, lamúria, sobre a ingratidão e decepção que temos com o Amor, com a raça humana, com Deus...Podemos também cortar, tirar, podar de nossas vidas todos que nos magoam, mas vamos descobrir que estamos cada vez mais sós, isolados numa vida sem cor e amor. Podemos então buscar outros amores... até que eles também nos decepcionem e fracassem.E assim, como disse a música: “...e de fracasso em fracasso, descrente de tudo me resta o cansaço, cansaço da vida,...”. Por isso que acreditamos que Amar é sofrer!Foi assim, tem sido assim, mas não precisa continuar a ser assim. O incrível da vida é que podemos começar a mudar tudo a cada momento.Aprendendo a conhecer nosso modo de pensar, sentir, agir; nos confrontamos com nossas dificuldades, com nossos modo diferente, único de ser, e começamos então a aceitar as diferenças e dificuldades dos outros.
Não fui como meus pais, filhos, companheiros queriam que eu fosse; não fui nem mesmo quem eu gostaria de ter sido, mas sou uma criatura única e incrível que estou aprendendo a conhecer, aceitar e amar. Agora posso entender o mesmo em relação às outras pessoas, próximas ou não.Quando entendo e aceito as diferenças, os sentimentos mudam, vai dissolvendo-se a mágoa, substituída pela tranqüilidade da aceitação. Mudam também meus comportamentos. É o fim das concessões exageradas, vitimações e depois, cobranças; é o início do aprendizado de conhecer meus limites, estabelecê-los, comunicá-los com coragem, honestidade e buscar honrá-los a cada momento; é buscar não mais invadir, nem nos deixar invadir; não cobrar nem dar ouvidos a cobranças. Dizer honestamente que penso diferente e quero me relacionar diferente. Perdoar-me e perdoar os outros pelo passado sofrido, brigado, cobrado, silenciado. Perdoar é aceitar, mesmo sem gostar, o que foi, o que não pode ser mudado. Foi e pronto; já era! Perdoar é me libertar então desse passado para poder ver, sentir, viver diferente e melhor.Como tudo fica leve, solto, gostoso. Quando mudo, posso descobrir que Amar assim é dar brilho à vida.

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