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terça-feira, 20 de julho de 2010
ONDE FICOU MINHA TERNURA?
A ansiedade, se deixarmos, vai nos consumindo, parecendo querer nos afugentar do passado, querendo nos fazer decifrar, adiantar e vivenciar o futuro. Somos empurrados numa sensação de pressa contínua – é uma perversão do tempo.
Passamos a correr continuamente atrás dele, sempre atrasados, para um encontro que jamais acontece porque o tempo de qualquer coisa, de tudo, é agora.
Temos pressa, muita pressa. O futuro é infinito e indecifrável mas quero controlá-lo, resolvê-lo logo.
Vivemos reféns dessa angústia, não conseguindo saborear o que acontece agora, na “pré-ocupação” do que temos que fazer, do que poderá acontecer, do que devia ser...
É a não percepção da realidade, do que somos, dos outros, da vida. Ficamos prisioneiros na expectativa e na luta pelo que queríamos que fosse.
Tudo isso leva a um estado de “elástico esticado ao máximo”, ao cansaço, a uma irritação cada vez maior e mais constante, ao sentimento de isolamento.
Perde-se a gentileza, a compreensão e aceitação das diferentes possibilidades e ritmos de cada um; tornamo-nos secos e mal-humorados.
De repente me dou conta e pergunto: onde ficou minha ternura?
Onde deixei meu sorriso leve, alegre? Onde perdi a espontaneidade de fazer carinho, de apreciar em vez de criticar? Como retomar meu agora e as gostosuras que ele por certo oferece?
O caminho me parece ser: Pára, a vida é agora! Quero parar para respirar, sentir meu corpo, meu ar, minhas companhias, tudo que me rodeia. Quero sentir e desfrutar o agora. Sentir ternura por mim que estou tentando, um dia de cada vez, mesmo com tantas recaídas no modo apressado de viver. É tão difícil mudar hábitos de sempre... Mas vale a pena: é minha felicidade que está em jogo!
O tempo realmente, calmamente vivido, saboreado, me devolve a serenidade e com ela o carinho, a ternura, a gentileza que aquecem a mim e às minhas relações; que adoçam e tornam gostosa a minha vida.
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