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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

INSENSIBILIDADE



É fruto da incapacidade de nos colocarmos na “pele” do Outro. Em meio a tantas lutas e disputas, acabamos por não fazer nenhum movimento nessa direção, com esta intenção. Negamos ou desconhecemos a dor dos outros, sua vulnerabilidade, seus gostos, seus desgostos, sua humanidade. Numa atitude de autodefesa, orgulho e distanciamento, nós nos blindamos, não nos deixamos tocar, sensibilizar.  
Nossas defesas rígidas nos afastam, tornam os outros nossos rivais, possíveis ameaças. Num mundo competitivo, repelimos os diferentes, os “de fora” de nossa família, de nossa religião, raça, orientação sexual, cultura...  Passamos a vê-los como adversários ou até inimigos.  Sua dor não nos toca quando racionalmente os analisamos, julgamos, condenamos, ou até absolvemos. Não os sentimos, por isso não conseguimos ter compaixão, ternura, compreensão... Só nos inspiram indiferença pelo distanciamento ou perigo pela proximidade. De um modo ou outro, somos induzidos à luta, à violência, podendo chegar à crueldade. Tomamos atitudes aprendidas, repetidas, toleradas, até justificadas, nesse jogo perverso em que se tornam as relações. Todos esses mecanismos aprendidos socialmente como defesa, na verdade, nos aprisionam e nos distanciam de nós mesmos, de nossa capacidade de sentir, de nossos sentimentos. Antes mesmo de nos tornarmos insensíveis aos outros, vamos perdendo a capacidade de nos sensibilizarmos, vamos endurecendo, escolhendo com avareza o pouco que nos permitimos sentir e os poucos selecionados de quem nos aproximamos afetivamente.
Insensibilidade é rir e ajudar a ridicularizar alguém, antes que riam de nós, para nos sentirmos enturmados, aceitos pelo grupo, dizendo com falsa inocência e ironia: É só brincadeira! Você não sabe brincar?
Insensibilidade é alardear superioridade, vitórias, conquistas, até generosidade, constrangendo aqueles que se sentem inferiores, derrotados, desestimulados, necessitados.
Insensibilidade é criticar e ironizar pessoas, coisas e situações em frente àqueles que as amam.
Insensibilidade é nos irritarmos com deficiências e incompetências de crianças, idosos, dos outros enfim... E cobrarmos performances que a pouca experiência de uns não torna possível e as limitações de outros já impossibilita. É tratarmos crianças como adultos e idosos como criancinhas.
Insensibilidade é banalizarmos sentimentos e necessidades íntimas das pessoas.
Insensibilidade é...
É também perdermos a capacidade de nos identificar com a vida que se manifesta nos seres (quaisquer) à nossa volta. E, quando não a SENTIMOS, podemos passar, “sem sentir”, da insensibilidade à crueldade. Num mundo de luta, de “vale tudo”, nada nos toca, tudo se justifica. Num mundo tão competitivo, de crenças e objetivos tão materiais, de tecnologia exagerada e endeusada, perdemos mais facilmente contacto com nossa sensibilidade, com nossa humanidade, com nossa dignidade e essência de seres espirituais. É um viver empobrecido, num mundo árido onde, para não nos machucarmos, nós nos encapsulamos, ressecamos, “morremos” e nem sentimos. Mas não é o que buscamos, não é o viver que nos pode nutrir a dimensão espiritual, nos aquecendo de alegria, ternura, cuidados... Um viver que faça tudo valer a pena. É importante estarmos atentos, docemente atentos, em Manter o Coração Aberto

2 comentários:

  1. Oi, querida seu compartilhar me alegra a alma.
    Sinto que posso melhorar nas minhas relações.

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  2. Obrigada por escrever coisas tão gratificantes, que nos possibilitam refletir.

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