A Família é um grupo humano. Os grupos, em geral, têm a função de acolher, proteger e orientar seus membros de acordo com seus propósitos.
Eles se organizam, possuem uma hierarquia, criam regras, determinam papéis, comunicam suas expectativas, esperam lealdade às suas crenças e ao grupo. A Família é um grupo especial, na medida em que seus membros estão unidos por laços afetivos, embora nem sempre de escolha voluntária ou por parentesco sanguíneo. Ela nos acolhe, cria, protege, nos passa seu sistema de crenças - tudo em que acreditam e “sabem” sobre o mundo, Deus, as pessoas e nós mesmos. Internalizamos essa “marca da família” e é através dela que iremos viver, fazer escolhas...
A função da Família seria servir de ninho a cada um de nós, para que pudéssemos atingir nosso propósito de vida: libertarmo-nos de nossas amarras interiores e anteriores e florescer, desenvolvendo nossos dons únicos, de seres únicos, em busca da felicidade, em contínua evolução.
Nesse processo é tão importante cuidar, proteger, ensinar, como garantir espaço, liberdade (com respeito aos limites na vida de relação) e Amor (carinho, elogios, atenção, verdade, ternura... )
Mas o que é Felicidade para cada família? Num mundo material e materialista, competitivo, com o foco de atenção fora, buscando sucesso, aprovação e valorização, com crenças repetidas através de gerações e expectativas idealizadas, irreais, sobre seus membros, a Família acredita que “sabe o que é melhor” para cada um e que, “por amor”, tem o poder, o direito e até o dever, de modificá-los, direcionando-lhes o que pensar, sentir e agir. Em família, acreditamos que somos responsáveis pela felicidade de quem amamos (e eles pela nossa!) e se atendermos às expectativas de cada um e do grupo, seremos valorizados, amados e teremos cumprido nossa missão! Baseados nesse tipo de crenças, Por Amor e para Ter Amor, aprendemos a negar aspectos de nós mesmos ou a escondê-los sob máscaras. Passamos a viver em constante luta para nos controlar, para controlarmos uns ao outros e para fugirmos ao controle!
Se a Família for rígida (ou algum de seus membros) e tentar cumprir à risca toda essa “missão impossível” de controle, a hierarquia será rígida, as regras serão rígidas, os papéis rigidamente definidos e “congelados”. Não conseguirá se adaptar às mudanças naturais decorrentes do ciclo de vida da família: nascimentos, casamentos, mortes, adolescência, aposentadorias, divórcio, re-casamentos, desempregos... bem como aceitar as diferenças individuais de seus membros. Ao longo dessa luta constante, a comunicação se perverte, servindo às disputas pelo poder, pela razão. É utilizada para cobranças, lamúrias, estratégias (segredos, mentiras, manipulações...).
Todos, que tanto se empenham em suas relações familiares, ficam desgastados, ressentidos, confusos... porque sentem-se cada vez mais distantes daqueles que mais amam! É muito doloroso!
E nos perguntamos: Onde erramos? De quem é a culpa? Quem tem que mudar? Precisamos achar um “bode expiatório”, porque assim tudo se explica e a Família não precisa se olhar! Continuamos analisando uns aos outros, apontando erros, emitindo julgamentos, condenando ou nos defendendo... e nada muda! Às vezes, continuamos juntos, em conflito, até que a morte, misericordiosamente, nos separe; noutras, permanecemos superficialmente juntos e, em outras ainda, simplesmente desistimos, nos desligamos, abandonamos – para sobreviver. Mas, mesmo assim, carregamos a mágoa pelo que não conseguimos de amor e um sentimento amargo, disfarçado, de tristeza, fracasso e deslealdade com a Família. Podemos tentar recomeçar em outro lugar, com outras pessoas, formando novas famílias – para vermos, confusos, tudo se repetir!
Será que Família - só em retrato?
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