Embora nos pareça que os sentimentos eclodem “de repente” dentro de nós, eles, na verdade, assomam em resposta às crenças e pensamentos que temos sobre as situações que estamos vivenciando. Assim, nosso ego é que “cria”, dirige, libera nossos sentimentos ou os nega, bloqueia e aprisiona atrás das máscaras julgadas adequadas. Esse ego, nosso sistema de defesa, está sempre voltado para fora, atento ao mundo competitivo, material, de ganhos fugazes, de onde poderá vir o perigo (perdas, rejeição) e de onde esperamos receber tudo que pode nos dar prazer e, se possível, felicidade.
O primeiro sentimento que esse sistema de crenças egóico, defensivo, invasivo, de trocas, cobranças e comparações, faz nascer é o medo: medo de não conseguir, de falhar...
Também somos “assaltados” pela frustração, a raiva, a revolta, por não conseguirmos controlar esse mundo exterior. E a culpa, a vergonha... E a tristeza, a mágoa, o ressentimento de tanto tentar e nada receber... E o desespero de “ter que” tentar mais, mais, e mais... E o sentimento de fracasso, desamor, desvalia, desesperança, quando já se tentou tudo e não se conseguiu nada ... E o desgaste de tentar manter os sentimentos sob controle, negados ou escondidos... o desgaste, o cansaço, a depressão, a confusão, a dor! Esse mesmo ego poderá nos proporcionar, às vezes, compensações momentâneas, sentimentos prazerosos, ao nos sentirmos vencedores ou possuidores, mas esses prazeres exigem constante luta para mantê-los ou alcançá-los e não afastam o perigo constante de perdê-los.
No entanto, se aprendermos (e escolhermos) um novo modo de pensar, um novo modo de olhar (para nós mesmos), sem comparações, sem competições... Se apaziguarmos nosso ego pelo entendimento de como ele funciona, sem luta interna ou externa, se ficarmos cada vez mais receptivos à nossa Consciência Interior, se “ouvirmos” sua orientação amorosa, de cooperação, de aceitação... poderemos começar a usufruir novos sentimentos: sentimentos que nos tragam alegria, paz interior... e gostosura às nossas vidas.
Já entendi, então, que nossos pensamentos detonam e dominam nossos sentimentos. E entendi que sou responsável pelo que decido pensar e pelos sentimentos que faço nascer em mim!
Mas, e os dolorosos, os que já trago comigo, aprisionados, aderidos a mim? Como descobri-los, tanto tempo estão negados e escondidos? Como livrar-me de sua pressão e das dolorosas impressões que ainda me causam?
Acredito que faz parte do meu processo de auto libertação, a responsabilidade pelo exercício paciente e cheio de boa vontade de estar atenta, de buscar uma nova “escuta” desses sentimentos em mim. É importante trazê-los à luz amorosa de minha Consciência, descobri-los, acolhê-los, respeitá-los. Dando-lhes voz, vou tirando-lhes o poder secreto de me machucarem tanto e posso assim deixá-los ir indo, saindo...
O Compartilhar, numa Sala ou no Mundo, é o que possibilita ou favorece a mudança de crenças e pensamentos necessária para essa transformação interior; favorece também a descoberta dos sentimentos na troca de nossas humanidades e nos dá Coragem para Mudar. O exercício espiritual de cooperação, de honestidade, de aceitação, de buscar crer e pensar com compaixão, alegria, respeito... só poderá “detonar” em nosso interior novos e doces sentimentos.
Fica a importância de uma reflexão constante: O que quero para mim? Que sentimentos quero despertar em mim? A escolha é minha! Essa é a minha responsabilidade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se preferir, envie também e-mail para mariatude@gmail.com
Obrigada por sua participação.